BATALHANDO PELA FÉ
JUDAS 1-25
O autor
se identifica como... Judas,
servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, (Judas 1a). Judas
era um nome comum no primeiro século, e dentro do NT há seis homens mencionados
por este nome.
1º Judas Iscariotes, um
dos doze – “e Judas
Iscariotes, que o traiu”. (Marcos 3.19).
2º Judas, filho de
Tiago – “Judas,
filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor”. (Lucas 6.16); “Disse
então Judas (não o Iscariotes): Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao
mundo”? (João 14.22), que é um dos doze, chamado Tadeu – “André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé;
Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote,” (Marcos 3.18);
3º Judas, um irmão de
Jesus – “Não é
este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não
estão aqui conosco as suas irmãs? E ficavam escandalizados por causa dele.”
(Marcos 6.3).
4º Judas da Galiléia – “Depois dele, nos dias do recenseamento,
apareceu Judas, o galileu, que liderou um grupo em rebelião. Ele também foi morto,
e todos os seus seguidores foram dispersos.” (Atos 5.37);
5º Judas de Damasco – “O Senhor lhe disse: Vá à casa de Judas, na
rua chamada Direita, e pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está
orando;” (Atos 9.11).
6º Judas Barsabás – “Então os apóstolos e os presbíteros, com
toda a igreja, decidiram escolher alguns dentre eles e enviá-los a Antioquia
com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, dois líderes
entre os irmãos.” (Atos 15.22).
Na
introdução, Judas se identifica como irmão de um Tiago que não precisa de mais
nenhuma apresentação. Na igreja primitiva, e especialmente após a morte de
Tiago, filho de Zebedeu (44 d.C), somente um Tiago poderia ser referido dessa
maneira absoluta – “Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão
do Senhor. (Gálatas 1.19).
PROBLEMA DA IGREJA –
Agnosticismo - Agnosticismo é a crença de que a existência de Deus é impossível
de ser conhecida ou provada. A palavra “agnóstico” significa essencialmente
“sem conhecimento”. Agnosticismo é uma forma mais intelectualmente honesta do
ateísmo. O ateísmo afirma que Deus não existe – uma posição que não pode ser
provada. O agnosticismo argumenta que a existência de Deus não pode ser provada
ou deixar de ser provada – que é impossível saber se Deus existe. Neste
conceito, o agnosticismo está certo. A existência de Deus não pode ser provada
ou deixar de ser provada empiricamente.
A Bíblia
nos diz que nós devemos aceitar por fé que Deus existe. Hebreus 11.6 diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,
porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam”. Deus é espírito (João 4.24),
então ele não pode ser visto ou tocado. A menos que Deus decida revelar a Si próprio,
Ele é essencialmente invisível aos nossos sentidos (Romanos 1.20). A
Bíblia ensina que a existência de Deus pode ser claramente vista no universo
(Salmos 19.1-4), percebida na natureza (Romanos 1.18-22) e confirmada nos
nossos próprios corações (Eclesiastes 3.11).
O
agnosticimo é essencialmente a falta de vontade de tomar uma decisão a favor ou
contra a existência de Deus. É a posição mais “em cima do muro” que existe.
Teístas acreditam que Deus existe. Ateus acreditam que Deus não existe.
Agnósticos acreditam que nós não deveríamos acreditar ou desacreditar na
existência de Deus – porque é impossível conhecê-la.
Por um instante, vamos deixar de
lado as evidências claras e inegáveis da existência de Deus. Se colocarmos as
posições do teísmo e do ateísmo/agnosticismo no mesmo nível, em qual delas faz
mais “sentido” acreditar – levando em conta a possibilidade de vida após a
morte? Se não há Deus, teístas e ateu-agnósticos simplesmente cessarão de
existir quando morrerem. Se há um Deus, ateus e agnósticos terão Alguém a quem
prestar contas quando morrerem. Deste ponto de vista, definitivamente faz mais
“sentido” ser um teísta do que um ateu/agnóstico. Se nenhuma das posições pode
ser provada ou deixar de ser provada, não parece mais sábio fazer todo o esforço
necessário para acreditar na posição que poderá ter um resultado final infinita
e eternamente mais desejável?
É normal ter dúvidas. Existem tantas
coisas neste mundo que nós não entendemos. Com frequência, as pessoas duvidam
da existência de Deus porque elas não entendem ou concordam com as coisas que
Ele faz e permite. No entanto, nós, como seres humanos finitos, não devemos
esperar entender um Deus infinito. Romanos 11.33-34 exclama: “Ó profundidade da riqueza, tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e
quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor?
Ou quem foi o seu conselheiro?” Nós devemos acreditar em Deus pela fé e
confiar nos seus caminhos pela fé. Deus está pronto e com vontade de revelar a
Si próprio de formas incríveis para aqueles que acreditam nele. Deuteronômio
diz: “De lá, buscarás ao SENHOR, teu
Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua
alma.”.
I. BATALHAR
PELA FÉ É UM DEVER
Amados, embora estivesse muito ansioso por
lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário
escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos
santos. Pois
certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo,
infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e
transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso
único Soberano e Senhor (Judas 1.3-4)
É imprescindível entendermos o verbo
dever, pois o mesmo em sua construção frasal liga duas ações, isto é, quem
deve, deve algo a alguém. Logo, Judas deixa claro que não irá falar de
salvação, mesmo que, este assunto o agradasse tanto, contudo, preferir falar de
nosso dever, batalhar pela fé.
Parece-me que Judas, não estava
falando para não crentes, mas para Cristão. È como se ele dissesse: Vocês são
salvos, porém vêm dias onde sua fé no nosso salvador será colocada a prova,
será precioso um embate espiritual – “pois
a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra
os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas
regiões celestiais.” (Efésios 6.12).
O
motivo da carta foi à penetração de pessoas ímpias na comunhão da igreja. Esses
heréticos estão sujeitos a quatro acusações: entraram secretamente; já
estavam destinados à condenação; são ímpios, isto é, irreverentes; e
negam a Cristo como Mestre e Senhor. Negar é positivamente descrer do
que Cristo testemunhou a Seu respeito. O antinomianismo[1]
gnóstico implicava em dissimulação (lascívia), palavra que traz em si a ideia
de devassidão sexual.
Assim,
vivemos um antinomianismo pos-moderno!
II. BATALHAR
PELA FÉ É SER CRISTÃO
a. “Embora
vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes que o Senhor
libertou um povo do Egito, mas, posteriormente, destruiu os que não creram.”
(Judas 1.5). O argumento de Judas é que a profissão de fé
de um homem não o coloca em posição de justo diante de Deus. A possibilidade de
escorregar está ilustrada pelo exemplo dos israelitas incrédulos que foram
salvos do Egito, mas subsequentemente destruídos. Portanto, precisamos ser e
não achar que somos!
b. “E
aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua
própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas
para o juízo do grande Dia.” (Judas 1.6). Não troque sua morada!
c. “De
modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à
imoralidade e a relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo
eterno, elas servem de exemplo.” (Judas 1.7). Finalmente,
Judas cita a história de Sodoma e Gomorra para reforçar sua imagem. Essas
cidades, através das Escrituras, são simbólicas do juízo divino executado pelo
fogo. Assim o seu destino foi uma figura do destino dos crentes professos que
não perseveram na justiça.
d. “Da mesma forma, estes sonhadores
contaminam seus próprios corpos, rejeitam as autoridades e difamam os seres
celestiais.” (Judas 1.8). Está ligado ao Versículo.
e. “Contudo,
nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o diabo acerca do
corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: O Senhor
o repreenda! (Judas 1.9)”. A moral que Judas aponta é que Miguel
mostrou reservas até mesmo em seu relacionamento com o diabo, enquanto os
falsos mestres não exibiam reverência por qualquer autoridade.
f. “Todavia,
esses tais difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por
instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem.” (Judas
1.10). Com ironia Judas destrói a afirmação gnóstica de superioridade
espiritual professada por eles, dizendo que eles possuem somente instintos de
animais irracionais. O conhecimento adquirido exclusivamente através dos
sentidos naturais, e a dependência no mesmo, conduz sem dúvida alguma à
destruição.
g. “Ai
deles! Pois seguiram o caminho de Caim, buscando o lucro, caíram no erro de
Balaão e foram destruídos na rebelião de Corá.” (Judas 1.11). Judas
pronuncia um ai! Empregando novamente uma tríade de exemplos históricos – Caim,
Balaão e Coré. Caim é tipo de injustiça, Balaão do espírito da mentira e cobiça
(Número 22-24) e Coré, da rebelião dos descontentes contra autoridades devidamente
constituídas (Número 16). Esses tipos de pecados solapam [2]a
saúde espiritual de toda a igreja e destroem aqueles que os praticam.
h. “Esses
homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, comendo
com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de si mesmos. São
nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas
vezes mortas, arrancadas pela raiz.” (Judas 1.12). Festas
de fraternidade eram refeições feitas em conexão com os cultos de
adoração ou a Eucaristia, e sua, intenção era aumentar a comunhão cristã dos
crentes, fortalecendo seu senso de união com Cristo. Ao que parece os heréticos
gnósticos corromperam tais festas em orgias vorazes, pervertendo assim seu
propósito. Eles se alimentavam sem se preocupar com o bem-estar espiritual da
Igreja. Nuvens sem água descrevem especialmente esses homens; não
tinham preocupação espiritual, e eram carregados pelo vento como se não
tivessem peso. O outono é a estação dos frutos. Mas os falsos mestres não
produzem fruto, e tais árvores, estando duplamente mortas, estão destinadas à
destruição.
i. “São
ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas
errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas.”
(Judas 1.13). As vidas dos ímpios são como as inquietas ondas
bravias do mar, as quais sujam de detritos as praias. Tais vidas, além
de produzirem condenação futura, são também motivo presente de vergonha e
ignomínia. Por último, Judas descreve os heréticos como estrelas errantes.
j. “Enoque,
o sétimo a partir de Adão, profetizou acerca deles: "Vejam, o Senhor vem
com milhares de milhares de seus santos, para julgar a todos e convencer a
todos os ímpios a respeito de todos os atos de impiedade que eles cometeram
impiamente e acerca de todas as palavras insolentes que os pecadores ímpios
falaram contra ele". Essas pessoas vivem se queixando e são descontentes
com a sua sorte, seguem os seus próprios desejos impuros; são cheias de si e
adulam os outros por interesse.” (Judas 1.14-16). Depois de
afirmar o destino dos falsos mestres, Judas descreve o caráter deles de três
maneiras:
i. São RESMUNGADORES,
isto é, lamurientos furtivos;
ii. São DESCONTENTES,
cujo único guia é a sua paixão;
iii. E são dados à EXIBIÇÃO BARULHENTA, tendo em vista o seu próprio lucro.
III. BATALHAR
PELA FÉ TORNA-NOS FORTES
a. “Todavia, amados, lembrem-se do que foi
predito pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles diziam a vocês: Nos
últimos tempos haverá zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios.
Estes são os que causam divisões entre vocês, os quais seguem a tendência da
sua própria alma e não têm o Espírito.” (Judas 1.17-19). Judas
continua sua acusação contra os falsos mestres, enquadrando-os em dois grupos:
são divisivos
e sem o Espírito de Deus. O verbo grego, promovem divisões, sugere um
estabelecimento de linhas demarcatórias que dão lugar a um espírito faccioso.
Além disso, revela um senso de superioridade da parte destes falsos mestres.
Com sutil ironia Judas acusa os gnósticos, que se consideravam espirituais, de
não ter o Espírito. Ele afirma que a espiritualidade é uma qualidade de vida
produzida pelo Espírito de Deus, e não pelo exercício religioso só conhecido
pelos poucos iniciados.
b. “Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima
fé que vocês têm, orando no Espírito Santo.” (Judas 1.20). Mais uma
vez um desafio direto é feito aos leitores. A pureza de vida começa com a sã
doutrina, isto é, a "fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (v.3). A chave para o significado de edificando-vos se acha na
frase seguinte, orando no Espírito Santo. A forte implicação é que os homens
verdadeiramente espirituais não são justos aos seus próprios olhos nem
desprezam os outros (v.19), mas aqueles que oram no Espírito Santo.
c.
“Mantenham-se
no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo os leve para a vida eterna.” (Judas 1.21). "Guarde-se
do perigo do mal, permitindo Deus demonstrar o Seu amor para você no futuro
também". O meio ambiente atual do cristão é o AMOR DE DEUS e a EXPECTATIVA
FUTURA é a garantia de vida eterna com Cristo Jesus.
d.
“Tenham
compaixão daqueles que duvidam;” (Judas 1.22). Assim,
nesta passagem, Judas insiste com os cristãos a atender às dúvidas intelectuais
e morais dos afetados pelos falsos mestres. O fim em vista não é a expulsão e
condenação dos duvidosos, mas sua restauração à comunhão.
e.
“a
outros, salvem-nos, arrebatando-os do fogo; a outros ainda, mostrem
misericórdia com temor, odiando até a roupa contaminada pela carne.” (Judas
1.23). A atitude do cristão deve ser de misericórdia para com o
pecado, acoplada com ódio pelos pecados dele.
IV. BATALHAR
PELA FÉ NOS LEVA A VITÓTIA.
“Àquele que é poderoso para impedi-los de
cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande
alegria,ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e
autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos,
agora e para todo o sempre! Amém.” (Judas 1.24,25)
Uma das
maiores e mais sublimes bênçãos do N.T é esta que se encontra no final desta
curta epístola. Duas outras bênçãos paulinas comparáveis são a de Romanos 16.25
– “Ora, àquele que tem poder para
confirmá-los pelo meu evangelho e pela proclamação de Jesus Cristo, de acordo
com a revelação do mistério oculto nos tempos passados,” e I Timóteo 6.14-16
– “Guarde este mandamento imaculado,
irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual Deus
fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei
dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz
inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para
sempre. Amém”.
Vital a
todas as exortações feitas aos crentes é o lembrete dos recursos infinitos do
próprio Deus, único que tem competência para nos guardar de tropeçarmos nesta
vida e atraí-los a Ele próprio no último dia. Ele aperfeiçoará a obra da
santificação para que os crentes sejam irrepreensíveis, ou imaculados. Esta
palavra faz lembrar a descrição dos animais sacrificados no V.T Judas 25 ensina-nos
duas coisas, a SINGULARIDADE DE DEUS
e a IGUALDADE DE JESUS CRISTO COM DEUS
PAI. Assim ele milita contra a ideia de que a divindade de Cristo foi uma
invenção da igreja pós-apostólica. Deus é chamado sete vezes de Salvador no N.T
Aqui o Seu poder salvador está comprovado na Pessoa do Seu Filho, o qual a
Igreja reconhece como "Senhor", isto é, Deus. A última atribuição de
glória, majestade, domínio e autoridade é o testemunho de Judas do benevolente
caráter de Deus, o qual operou a nossa salvação por meio de Cristo.
[1] A palavra antinomianismo vem de duas
palavras gregas, (a0nti/) anti, que significa "contra", e (no/moj) nomos, que significa "lei". Sendo
assim, antinomianismo significa “contra a lei.” Teologicamente, o
antinomianismo é a crença de que não há leis morais que Deus espera que os
cristãos obedeçam. O antinomianismo leva um ensinamento bíblico a uma conclusão
antibíblica. O ensinamento bíblico é o de que os cristãos não são obrigados a
observarem a lei do Antigo Testamento como um meio de salvação. Quando Jesus
Cristo morreu na cruz, Ele cumpriu a Lei do Antigo Testamento (Romanos 10:4,
Gálatas 3.23-25, Efésios 2:15). A conclusão antibíblica é a de que não há
nenhuma lei moral que Deus espera que os cristãos obedeçam.
O apóstolo Paulo
tratou da questão do antinomianismo em Romanos 6:1-2: "Que diremos, pois?
Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já
morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?" O ataque mais frequente
sobre a doutrina da salvação pela graça é que ela encoraja o pecado. As pessoas
podem se perguntar: "Se sou salvo pela graça e todos os meus pecados são
perdoados, por que não pecar o quanto quiser?" Esse pensamento não é o
resultado de uma verdadeira conversão porque a verdadeira conversão produz um
maior, não menor, desejo de obedecer. O desejo de Deus – e o nosso desejo
quando somos regenerados por Seu Espírito - é que nos esforcemos a não pecar.
Como gratidão por Sua graça e perdão, queremos agradá-Lo. Deus nos deu o Seu
dom infinitamente misericordioso através da salvação em Jesus (João 3.16;
Romanos 5.8). Nossa resposta é consagrar nossa vida a Ele como uma forma de
amor, adoração e gratidão pelo que Ele fez por nós (Romanos 121-2). O
antinomianismo é antibíblico por aplicar de forma errada o significado do favor
gracioso de Deus.
A segunda razão por
que o antinomianismo é antibíblico é que existe uma lei moral que Deus espera
que obedeçamos. Primeiro João 5:3 nos diz: "Porque este é o amor de Deus,
que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos."
O que é essa lei que Deus espera que obedeçamos? É a lei de Cristo -
"Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mateus
22:37-40). Não, não estamos sob a Lei do Antigo Testamento. Sim, estamos sob a
lei de Cristo. A lei de Cristo não é uma extensa lista de códigos legais. É uma
lei de amor. Se amarmos a Deus com todo nosso coração, alma, mente e força, não
faremos nada que o desagrade. Se amarmos o nosso próximo como a nós mesmos, não
faremos nada para prejudicá-los. A obediência à lei de Cristo não é um
requisito para ganhar ou manter a salvação. A lei de Cristo é o que Deus espera
de um cristão.
O antinomismo é
contrário a tudo o que a Bíblia ensina. Deus espera que vivamos uma vida de
moralidade, amor e integridade. Jesus Cristo nos libertou dos comandos pesados
da Lei do Antigo Testamento, mas isso não é uma licença para pecar e sim um
pacto de graça. Devemos lutar para vencer o pecado e cultivar a justiça,
dependendo do Espírito Santo para nos ajudar. O fato de que somos graciosamente
livres das exigências da Lei do Antigo Testamento deve resultar em nós vivendo
em obediência à lei de Cristo. Primeiro João 2:3-6 declara: "E nisto
sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu
o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem
aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz
estar nele, também deve andar como ele andou."
[2] Destruir as bases de; encobrir(-se),
ocultar(-se).