Em
uma cidade do interior de Minas Gerais conhecida como Recanto Alegre, vivia uma
família de doze pessoas e estes membros viviam isolados do resto de seus
familiares, pois trabalhavam no campo e se achavam inferiores aos outros
integrantes da família. João Antônio e Maria de Lurdes eram os patriarcas e
esta união gerou dez filhos – Sebastião, o mais velho, Joaquim, Pedro Antônio,
Regivam, Marcelo, Noeli, Cátia, Joselina, Matilde e o mais novo cleiton. Todos
moravam na roça comiam o que plantavam e uma vez no mês o pai ia à cidade para
comprar roupas e calçados e toda vez que isto acontecia o pai levava sempre
dois filhos diferentes e os mesmo o indagavam dizendo – papai porque não posso
ir ver minha avó a mãe do senhor, papai, quero conhecê-la, também quero ver
meus tios e primos e o pai abruptamente respondia – para que? Eles são muito
metidos, nariz em pé, ricos e não vão querer conversar com um monte de pés
descalços como nós.
Por
anos foi assim, porém certa manhã o pai João Antônio começa a chorar sobre a
mesa e todos se assustam, pois era a primeira vez que presenciavam o pai
naquela situação, depois de algum tempo o caçula Cleiton cria coragem a
pergunta ao pai - Tudo bem papai! Responde Sr. João – sim meu filho! É que hoje
minha mão completa 90 anos e faz mais de 15 que eu não a vejo, tenho certeza
que ela já morreu e meus irmãos metidos não vieram aqui me falar, mas deixe
para lá, vida que segue, é por isso que eu não quero vocês com aquele tipo de
gente, resmungou o pai.
Bem
a tardinha ao cair do sol, ao longe, Noeli a filha mais velha observa um ronco
de motor impossível de ser ouvido naquela região, ela fita os olhos na estrada
e observa que era um ônibus, em disparada ela parte ao encontro de seu pai
assustada e fala _ papai é um ônibus com muita gente dentro. O pai parte para
frente da casa e o ônibus encosta, a primeira pessoa que desce é dona
Sebastiana da Conceição sendo apoiada pelos braços e seus olhos já cansados da
idade não se desgrudam de João Antônio e o próprio entra em crise de choro e
corre rápido para os braços de sua mãe que havia pensado estar morta. Sem
conseguir falar devido à emoção e sentindo as mãos de sua mãe alisando seus
cabelos e trazendo à sua memória sua infância quando a mesma lhe fazia este
gesto para ele pegar no sono. Por muito custo ainda entrelaçado em sua mão,
pergunta – Ô minha mão pensei que estivesse morta! A mãe responde – nunca meu
filho! Clamei ao Senhor que não me levasse sem antes abraçar meu filho que por
muito não via e conhecer meus netos.
João
sem entender diz – Porque a senhora nunca veio antes! A mamãe responde – Por
quinze anos ficava no portão de minha casa vendo você e meus netos comprando na
cidade esperando que você me olhasse, esperando entender porque meu filho tinha
tanto ódio de sua mãe. O filho se ajoelha abraça as pernas de sua mão e diz: _ Nunca
mamãe, jamais em meu coração teria ódio da senhora, eu me afastei porque achava
que todos vocês tinham vergonha de mim porque que vivia no meio do mato.
Meu
filho! Exclama a mãe – eu estou aqui para te dizer que para mim não existe
diferença, eu sem você sempre estive pela metade mesmo com seus irmãos perto de
mim, pois a minha vida só é completa com todos vocês ao meu derredor vivendo em
comunhão uns com os outros, e se Deus me levar hoje estou enfim preparada, pois
agora estou completa.[1]
Queridos irmãos, isto
é comunhão, quando estamos juntos a unidade de Cristo se faz completa, quando
separados estamos