segunda-feira, 23 de novembro de 2020

A PLENITUDE DOS TEMPOS


 Gálatas 4:4 – mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.

 

Neste texto o apóstolo Paulo aponta para o tempo na história da humanidade onde Deus enviou ao mundo seu unigênito Filho para resgate de Sua propriedade, a Igreja. Este compreende ao primeiro advento de Jesus Cristo ao mundo, onde, o próprio Deus se fez carne e cumpriria todas as profecias preditas pelos servos do Senhor no Antigo Testamento acerca do Messias, do salvador do povo de Deus.

No entanto, para que este tempo pudesse chegar, o próprio Deus em sua providência havia preparado o mundo e os povos para que Seu Filho pudesse encarnar. A plenitude dos tempos diz respeito ao tempo exato, ao momento certo e único em toda história em que, Jesus Cristo, o Emanuel, o próprio Deus, pudesse se fazer carne e habitar entre nós. O Senhor Jesus veio a este mundo quando tudo já estava pronto, preparado, no lugar certo e na hora exata para que Deus continuasse o cumprimento de Seu eterno e soberano propósito em Sua criação.

Assim, cumpre-nos observar alguns fatores que contribuíram para vinda do messias, bem como para o estabelecimento e a expansão do cristianismo.

1.   Fator geográfico – O local escolhido por Deus em toda a terra para o nascimento de Jesus Cristo, certamente foi um local divinamente selecionado em razão de sua situação. A terra que Deus prometera a Seu povo desde o antigo testamento era o local ideal para receber o Messias prometido. A região da palestina onde estava Israel era como o centro do mundo naquela época. Nas encostas do mediterrâneo, onde povos se utilizavam das navegações para viagens e comércio, Israel praticamente fazia fronteira com a Ásia, com o norte da África e ao oriente com a Mesopotâmia, bem como, era passagem para muitos que chegariam ao continente Europeu. Certamente este fator contribuiu extraordinariamente para o crescimento e expansão do cristianismo, tendo em vista o contato que milhares de povos que passassem por Israel teriam com cristãos naquele lugar.

2.     Fator Intelectual Grego – Outro fator importante tanto para a vinda do Messias quanto para expansão do cristianismo foi o ambiente intelectual criado pela mente grega. Com as conquistas de Alexandre o grande, estabelecendo o império grego a partir do Sec. IV a.C. O objetivo maior deste império era o de helenizar o mundo, ou seja, tornar o mundo da época uma grande Grécia. Neste intento, os gregos espalharam ao mundo da época suas ideias, costumes, cultura e principalmente seu idioma, o grego, o qual se tornou a língua mundial e facilitou a comunicação de vários povos da época. Grandes pensadores e filósofos gregos também trouxeram suas ideias sobre um mundo vindouro e perfeito depois da morte, ideias sobre a imortalidade da alma, pensamentos estes que permeiam o cristianismo e que, devido aos gregos, já era comum entre povos daquela época mesmo antes do advento de Cristo. Certamente tanto os pensamentos quanto o idioma grego prepararam o povo para chegada do cristianismo bem como para expansão do mesmo. A maior parte do Novo testamento, foi escrito originalmente no idioma grego em razão da maior acessibilidade aos povos da época.

3.     Fator político Romano – Este fator certamente contribuiu imensamente para expansão do cristianismo. Estabelecido após o império grego, seu sistema organizacional político trouxe maior unidade e controle em todo império, promovendo maior ordem e paz em toda sua extensão. Com isto, pessoas tinham liberdade de viajar e se locomoverem nas terras que faziam parte do império. Os cristãos do I séc., incluindo o maior missionário da época, o apóstolo Paulo, certamente usufruíram destes benefícios promovidos pelo sistema político romano. Outra contribuição dos romanos foram as boas estradas por eles construídas, onde algumas ainda existem nos dias de hoje as quais foram utilizadas para viagens de cristãos pelas terras do império levando o evangelho a vários lugares. O exército romano também contribui para expansão do cristianismo, tendo em vista que muitos soldados foram convertidos e levaram o evangelho a várias partes do império romano. As conquistas do exército romano também contribuíram para expansão do cristianismo, fazendo com que povos pagãos conquistados desfalecessem na fé dos deuses “fracos e derrotados” que eles serviam e passavam a ser influenciados pelas crenças romanas, onde muitos soldados eram cristãos convertidos. Mesmo perseguindo o cristianismo, os romanos sem querer foram usados soberanamente por Deus para o preparo do mundo para vinda de cristo e para a expansão do cristianismo.

4.     Por último, a contribuição mais importante para a preparação do “palco” mundial para o primeiro advento de Cristo foi sem dúvida as contribuições religiosas dos Judeus. Aos Judeus haviam sido dadas todas as revelações de Deus do Antigo Testamento. Este era o povo que prestava culto ao verdadeiro Deus. Até mesmo as nações pagãs inimigas dos israelitas como os Assírios, os babilônicos e os próprios romanos foram influenciados pelo fator religioso Judaico e ajudaram a espalhar estes pensamentos pelo mundo. Tendo o judaísmo uma forte ligação com o cristianismo, tendo em vista que seu livro sagrado constitui o Antigo testamento dos cristãos, suas ideias e doutrinas religiosas contribuíram diretamente para o estabelecimento do cristianismo que acabara de surgir no I séc. d.C. Entre estes pensamentos religiosos destacamos o Monoteísmo, o culto a um Deus único e verdadeiro que diferenciavam os judeus dos demais povos que cultuavam vários deuses. Este culto monoteísta é o culto cristão em toda sua história, diferenciado pela exaltação da Santíssima Trindade, onde o único Deus verdadeiro é manifesto e adorado em três pessoas distintas e de igual essência. Outro pensamento judeu é a esperança messiânica ou a espera de um libertador e salvador. Estes pensamentos já permeavam o povo judeu por meio das profecias do Antigo testamento e prepararam o mundo para a chegada do salvador. Os cristãos hoje creem no salvador que veio resgatar Sua Igreja, porém aguardam a manifestação dos céus do segundo advento do Senhor Jesus em poder e glória para consumação de toda história e a eternidade no novo céu e nova terra onde habita a justiça. O sistema ético judaico também se assemelha ao cristianismo em contraste com a imoralidade e cultos pagãos daquela época. Falsos deuses eram cultuados em altares de orgias e imoralidades sem limites as quais influenciavam também os costumes dos povos pagãos da época. Enquanto que o judaísmo tinha sua moral alicerçada nas leis de Deus resumidas nos dez mandamentos as quais moldavam os judeus a um padrão moral e ético elevado, os pagãos viviam em dissolução e iniquidades desenfreadas. O padrão do cristianismo também é baseado nas leis de Deus nas escrituras e excede em muito aos padrões observados por muitos judeus que entendiam e confiavam somente na letra da lei, sem possuírem o Espírito e a liberdade dos filhos de Deus para servirem a justiça. Conforme já mencionado anteriormente, o povo judeu possuía os oráculos de Deus no Antigo testamento. A teologia, as profecias, os dados históricos contido nesta escritura judaica contribuíram diretamente para vinda do cristianismo sendo está a mensagem da igreja estabelecida pelo Senhor Jesus e seus apóstolos no I séc. Mais tarde, o antigo testamento unido ao novo testamento registrado pelos apóstolos e servos de Deus que andaram com o Senhor Jesus ,formariam o alicerce da igreja por todas as eras seguintes até a consumação dos séculos, a bíblia sagrada. Mais um pensamento judeu que o liga diretamente ao cristianismo em contraste com outras religiões é a filosofia da história, onde estava a ideia de que todo o acontecimento através dos tempos tem um significado e estão contribuindo para o avanço da história, diferente dos pagãos que achavam que a história sempre se repete e não leva a lugar algum. A igreja por meio das escrituras promove a cosmovisão onde tudo o que aconteceu, acontece e ainda sucederá, cooperam para o progresso e o cumprimento do propósito eterno e soberano de Deus, que triunfará sobre todo o mal e pecado da humanidade culminando na glória do nome de Deus. Por fim, os judeus estabeleceram uma instituição muito útil para o estabelecimento e a expansão do cristianismo, as sinagogas judaicas. Através delas judeus e gentios se familiarizaram tanto com o judaísmo quanto com o cristianismo surgido no I sec. O próprio apóstolo Paulo e outros se utilizavam das sinagogas para as reuniões e ensino do evangelho durante as viagens missionárias. A semelhança das sinagogas, cristãos no mundo inteiro tem estabelecido locais para suas reuniões e cultos as quais chamamos de igrejas.

Conclusão

Tendo em vista todos estes fatores mencionados e a luz da Escritura sagrada, certamente, naquele tempo, naquele lugar singular, aos olhos daqueles povos, aprouve ao Senhor de toda história enviar ao mundo Seu Filho para salvação do Seu povo, a Sua igreja, porque sem sombra de dúvidas, aquela era a plenitude dos tempos, onde tudo já estava pronto, onde reinos e impérios haviam sido estabelecidos e conduzidos pelo Soberano Jeová a fim de que Seu eterno propósito continuasse seu cumprimento .

Nos dias de hoje, Aquele que era, que É e que há de vir, certamente virá, pois o eterno propósito do Altíssimo ainda está em andamento. Nações, povos, governos e reinos em toda a terra têm sido atingidos pelo evangelho do reino e o Soberano está em Seu trono, reinando ativa e continuamente no mundo e na história conduzindo cada indivíduo e cada acontecimento para o seu determinado propósito, onde no fim, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai.

“Porque Dele, por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” Romanos 11:36

Soli Deo Gloria!

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