sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Psicologia X Teologia


PSICOLOGIA X TEOLOGIA
     Queria iniciar esta análise crítica apontando alguns conceitos para confeccionarmos uma teia na interligação destas duas modalidades, que bem usadas salvam vidas. "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios," (Efésios 5.15)
1. Por que a teologia ganhou tanto espaço no mundo Evangélico?
A primeira foi lacuna deixada pela própria Igreja no que diz respeito aos problemas da vida dos cristãos. O velho adágio popular cabe bem aqui: “a heresia são as dívidas não pagas pela Igreja”. (Salvo as diferenças. Não que a psicologia seja uma heresia). A Psicologia trouxe resposta onde a Igreja se calou. Ela falou alto onde a Igreja se silenciou. A Psicologia foi persuasiva onde a Igreja foi e tem sido fraca nos últimos séculos, que é buscar respostas para experiências interiores do seres humanos. Enquanto a Igreja se preocupou com o superficial e externo a Psicologia trouxe uma nova visão do interno e um caráter prático dos problemas das pessoas, ou seja a Igreja tem sido fraca no domínio de problemas pessoais e interpessoais e tem evitado seu envolvimento com esses assuntos. Por fim a psicologia ganhou autoridade cultual; social e pragmática nos últimos séculos.

2. O que a Psicologia pode oferecer para a Teologia?
A Psicologia pode ser uma ferramenta útil para a teologia quando bem usada, pois ela ajuda a conhecer melhor os problemas dos seres humanos fazendo observações relevantes e úteis no entendimento das pessoas, o que nos ajudam a entendê-las melhor. Todavia a Psicologia não deve ser integrada a teologia nem deve regê-la, a Psicologia e as demais ciências humanas são e sempre devem ser servas da teologia. A Bíblia sempre será Soberana, não temos que validar a revelação com o conhecimento do mundo, mas trazer o conhecimento do mundo cativo à revelação: “Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”. (2 Coríntios 10.5). Em fim, não podemos nos esquecer que a Psicologia oferece contribuição quando usada como ferramenta secundária e sem integração da mesma. A Bíblia é uma revelação completa, enquanto a Psicologia e as demais ciências humanas são verdades humanas e em desenvolvimento e assim são princípios falíveis.

3. Quais os perigos da Psicologia?
O primeiro grande perigo que a teologia pode oferecer é o de deixar entender, ou até mesmo dizer que a Bíblia e o cristianismo não são suficientes para trazer uma resposta para os problemas emocionais do ser humano. Segundo, a influência da Psicologia neutraliza a teologia de ação pastoral de escritório, pois o leva ao consultório. Terceiro, os Psicólogos (até mesmo muitos dos evangélicos) que trabalham com a psicologia normalmente têm formação de ideias e práticas no secular e não bíblicas e teológicas. Muitos conselheiros não têm firmeza diretiva das Escrituras. Quarto, colocar Psicologia no mesmo nível de autoridade da Bíblia e substituir a pregação da Palavra pela mensagem de auto-ajuda com os princípios da Psicologia. Sendo assim não devemos esquecer que, o que mais precisamos não é da auto-ajuda mais sim da ajuda do alto. "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." (Tiago 1.17)

4. Conclusão
Conhecer os fatores psicológicos no processo de desenvolvimento humano ajuda o pastor a compreender o comportamento de suas ovelhas. Porém, prefiro analisar a frase de Sigmund Freud: “Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!”. Só há segurança no amor de Deus, é nEle que encontramos o refrigério da alma, é nEle que resolvemos equações da vida. "Todas as vossas coisas sejam feitas com amor." (I Coríntios 16.14). Então, podemos dizer com muita segurança que a psicologia bem usada ajuda, contudo a bíblia palavra de Deus cura.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe


Pensamento Político
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe (Título original Il Príncipe revisto por Maria de Fátima C.A. Madeira) Trad. Pietro Nasseti 2°ed. São Paulo-SP Martin Claret, 2005. 189p.
Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é maquiavélico. O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais importantes da história da filosofia política. Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença, na época do Renascimento. Como sabemos, o Renascimento foi um período de intensa renovação. Caracterizou-se por um movimento intelectual baseado na recuperação dos valores e modelos da Antiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a ela. O Renascimento referiu-se não apenas às artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas também à organização política e econômica da sociedade. “Podeis deixar de atingir vosso objetivo, mas participai da corrida mesmo assim.” [1]
     Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino. Os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano. No período do Renascimento, os clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento político. Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política totalmente inédita, fundamentada na prática e na experiência concreta. "O Príncipe" sintetiza o pensamento político de Maquiavel. A obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o exílio de Maquiavel, que tinha sido banido de Florença, acusado de conspirar contra o governo. Mas só foi publicada em 1532, cinco anos depois da morte do autor. Como tinha sido diplomata e homem de estado, Maquiavel conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder. O que temos em "O Príncipe" é uma análise lúcida e cortante do poder político, visto por dentro e de perto.
     No primeiro capítulo - “Os vários tipos de Estado, e como são instituídos” apresenta dois tipos de principados o hereditário e o adquirido, e aponta as duas maneiras de um governante chegar ao poder: Virtude ou Fortuna (Dinheiro). "Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível." (Hebreus 7.16)
No segundo - “As monarquias hereditárias”, afirma que o principado hereditário é o mais difícil de ser conquistado, e mais fácil de manter o poder, pois o povo esta acostumado a ser dominado pelos seus governantes.
O terceiro - “As monarquias mistas”, o autor apresenta qual o método que o soberano deve utilizar para conquistar o Estado. A primeira ação é eliminar a linhagem anterior; segunda: não mudar a rotina do povo conquistado; terceira: seu exército, sua resistência precisa ficar no local conquistado. Porém, o mais importante é que o conquistador deva ficar afastado dos “poderosos”, pois os mesmos podem futuramente conspirar contra seu governo.
No quarto - “Por que razão o Reino de Dário, que Alexandre havia ocupado não se rebelou contra seus sucessores após a morte de Alexandre”, Maquiavel responde esse questionamento mostrando duas formas de como o principado é governado: o príncipe com o seu ministro têm maior poder para governar, e a outra forma de governo é o príncipe governando junto com nobres com títulos não dado pelo soberano, mas pela nobreza de sangue, já é mais difícil de governar. "Eu não temeria um grupo de leões conduzido por uma ovelha, mas eu sempre temeria um rebanho de ovelhas conduzido por um leão.” [2]
     No quinto - “O modo de governar as cidades ou Estado que antes de ser conquistadas tinham as suas próprias leis”, o autor aponta três maneiras: a primeira é destruí-las; a segunda transferir a residência do soberano para o local conquistado; e a terceira é deixar o povo viver na sua antiga lei, porém cobrando impostos para tal exercício.
     No sexto - “Os novos principados conquistados pelo valor”, apresenta alguns exemplos de alguns conquistadores que chegaram ao poder pelo valor, e não pela fortuna. Citando o exemplo de Moisés, Ciro, Rômulo e Teseu.
"Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloquente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua." (Êxodo 4.10)
“A coragem é um dom humano... A sabedoria é um dom divino”.[3]
     No sétimo - “Os novos principados conquistados pela fortuna”, O autor diz que aqueles que conseguem o poder pela fortuna, devem fazer de tudo para adquirir o valor, pois a ruína dos mesmos estará à porta se isto não acontecer. O autor utiliza-se de César Bórgia para elucidar sua teoria.

Príncipe italiano. Filho de Rodrigo Borja ou Bórgia, depois papa Alexandre VI, é um personagem tipicamente renascentista pela sua ambição e pelo seu talento, pelas suas virtudes e pelas suas debilidades. Aos dezesseis anos é nomeado bispo e aos dezoito cardeal, mas de imediato abandona a carreira eclesiástica pela das armas. Protegido pelo pai recebe de Luís XII, rei de França, o título de duque de Valentinois. Casa-se com uma irmã de Juan de Albret, rei de Navarra, e o Vaticano nomeia-o para um alto cargo militar (porta-bandeira) dos estados da Igreja. Excelente militar e político astuto (Maquiavel é um dos seus conselheiros) apodera-se de quase toda a Romanha (região de Itália) e participa nas campanhas de Luís XII contra o reino de Nápoles. Mas a morte do pai, o papa Alexandre VI, em 1503, arruína os seus planos. O novo papa, Júlio II, primeiro encarcera-o e posteriormente expulsa-o da Itália. Então vai para Navarra, Espanha, onde morre no campo de batalha, numa escaramuça entre agramonteses e beaumonteses.[4]

     O Oitavo - “Os que com atos criminosos chegaram ao governo de um Estado”, Maquiavel cita alguns exemplos de como algumas pessoas chegaram ao poder pelos crimes, e afirma que se o soberano quiser manter-se no poder deve sempre moderar a sua forma bruta usando-a de maneira racional.
     Nono - “O principado Civil”, apresenta um exemplo de um cidadão que chega ao poder, ou por ajuda do povo ou pela aristocracia e afirma que é mais fácil este príncipe se manter no poder apoiado pelo povo do que pelos ricos, por esse motivo o monarca deve sempre encontrar uma maneira para que os seus súditos sempre permaneçam fiéis.
     No décimo - “Como avaliar a força do Estado”, para que o soberano possa manter-se no poder é necessário pensar em montar um bom exército para a proteção da cidade e ter apoio do povo.A disciplina é a alma de um exército; torna grandes os pequenos contingentes, proporciona êxito aos fracos, e estima toda a gente.” [5]
     Décimo primeiro - “Principado Eclesial”, o autor diz que esse tipo de principado tem mais facilidade de se manter no poder, pois a Igreja tem um poder construído, por isso que sua estrutura é sólida não correndo o risco de ser deposto.
     Décimo segundo - “Os diferentes tipos de milícias e de tropas mercenárias”, Maquiavel descreve o sistema de defesa usado pelos monarcas para se manter no poder que são boas leis e bons exércitos, no entanto, o escritor dá um conselho para que os governantes tenham um bom exército composto pelos seus cidadãos, pois estes vão ser sempre fiéis às suas ordens, diferente dos exércitos mistos e mercenários.
     Décimo terceiro - “Forças auxiliares, mistas e nacionais” afirma que nenhum príncipe pode ter segurança sem o seu próprio exército, pois caso esteja sem ele dependerá inteiramente da sorte, porque não terá meios confiáveis de defesa.
     Décimo quarto - “Os deveres do príncipe para com sua milícia”, o soberano prudente deve sempre estar treinando o seu exército para a guerra, pois acontecendo qualquer imprevisto o Rei vai sempre resistir os golpes dos seus adversários.
     Décimo quinto - “As razões por que os homens, especialmente os príncipes são louvados”, Maquiavel aconselha aquelas pessoas que desejam o poder, para que saibam conduzir os súditos e os aliados. É necessário que o governante não provoque escândalos, pois isso ajudará manter no poder. "Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano." (Salmos 32.2)
     Décimo sexto - “A liberdade e a parcimônia[6], o autor diz que é necessário para o governante manter-se no poder ostentar um pouco a sua riqueza, pois o povo gosta de ver. Mas Maquiavel adverte que não deve explorar muito o povo, pois se não estes podem se revoltar contra o seu soberano.

"Será preciso, contudo, ser cauteloso com aquilo que fizer, e no que acreditar; é necessário que não tenha medo da própria sombra, e que aja com equilíbrio, prudência e humanidade, de modo que o excesso de confiança não o torne incauto, e a desconfiança excessiva não o faça intolerante.[7]

     Décimo sétimo - “A crueldade e a clemência. Preferível ser amado ou temido” coloca que o ideal é que o soberano tenha as duas características ser amado e temido, como não é possível possuir essas duas qualidades é preferível que seja temido a ser amado, no entanto não se pode exagerar muito na maldade.
     Décimo oitavo - “A conduta dos príncipes e a boa fé”, Nicolau afirma que para manter o poder, não importa os meios empregados se honrosos ou não, pois o soberano sempre visa um resultado.
     Décimo nono - “Como se pode evitar o desprezo e o ódio”, o soberano nunca deve ser odiado pelo povo, pois caso seja será fácil ser deposto, mas no momento em que o príncipe respeita o patrimônio e as mulheres, os súditos lutarão pelo seu governante.
     Vigésimo - “A utilização da construção de fortaleza, e de outras medidas que os príncipes adotam com frequência”, afirma que o monarca não deve desarmar os seus cidadãos, pois isso é prejudicial ao príncipe, armando o povo eles se sentirão mais valorizados, com isso mais fiéis.
     No vigésimo primeiro - “Como deve agir um príncipe para ser estimado”, o monarca para ser estimulado deve fazer grandes empreendimentos, e deve sempre se posicionar em uma guerra.
     Vigésimo segundo - “Os ministros do Príncipe”, o soberano deve ter muita sabedoria antes de escolher as pessoas que o rodeiam para que estes sempre mantenham a fidelidade.
     Vigésimo terceiro - “Como escapar dos aduladores”, Maquiavel orienta aquelas pessoas que estão no poder a ter muito cuidado com os aduladores, uma forma de escapar desse perigo é escolher algumas pessoas para aconselhar, mas somente se o soberano quiser.Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor aproveitá-la e consumi-la.” [8]
     Vigésimo quarto - “As razões por que os príncipes da Itália perderam seus domínios”, Os príncipes Italianos contaram muito com a fortuna e não tinham virtude para governar o seu Estado.
     Vigésimo quinto - “O poder. Como resistir?”, os governantes devem ter muito cuidado com a fortuna, pois esta pode fazer a cabeça do monarca, é preciso ter prudência e audácia só assim vai poder controlá-la. “O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.” [9]
     Vigésimo sexto - “Exortação à liberdade da Itália dominada pelos bárbaros”, Maquiavel clama a Médici, para quem escreveu esse livro quando estava no cárcere, que mostre sua validade comandando os italianos para a libertação da Itália.
     Após a leitura concluímos que esta obra pode ser considerada sim um manual para vida política, administrativa e por que não eclesiástica. Maquiavel nos leva a um terreno para muitos desconhecido, porém outorga para si o direito de nos revelar todo os bastidores do poder na sua forma mais clara e objetiva. O livro realmente cumpre seu papel de preparar homens para uma vida de soberania, uma vida na frente de um “povo”. Quero então terminar com este pensamento que de certa forma me alcançou no sentido reflexivo, me fazendo enxergar os indivíduos como eles são e perceber se eu mesmo passei por tal experiência: “Para bem conhecer a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para bem conhecer a dos príncipes, é necessário pertencer ao povo.”


[1] Giordano Bruno em seu livro, “A ceia de quarta feira de cinzas”
[2]  Alexandre “O Grande”
[3] Rômulo Raulino
[4] César Bórgia
[5] George Washington
[6] Parcimônia = Cautela
[7] Nicolau Maquiavel
[8] Marquês de Maricá
[9] Machado de Assis

Amado Timóteo


CARTAS DE SABEDORIA
ASCOL, Tom.  Amado Timóteo.  São José dos Campos - SP: Editora Fiel,  2005.  318 p.
Tom Ascol tem servido como pastor da Igreja Batista da Graça desde 1986. Ele tem licenciatura em Sociologia pela Universidade do Texas (1979) e PHD e Mestre pela Southwestern Baptist Theological Seminary, em Fort. Worth, Texas. Seu principal campo de trabalho foi a Teologia Batista. Ele lecionou no Seminário Batista de Orleans em sua extensão Flórida Sudoeste. Ele também atuou como professor adjunto de teologia pela Reformed Theological Seminary e do Centro Oeste de Estudos Teológicos. Ascol serve como Diretor Executivo de Fundadores de Ministérios, uma organização comprometida com a recuperação do Evangelho e a reforma das igrejas locais. Ele edita o Jornal Fundadores, uma publicação trimestral teológica de Fundadores de Ministérios, e tem escrito numerosos artigos e contribuiu para vários livros. Ele regularmente prega e palestra em várias conferências em todos os Estados Unidos e outros países. Tom e sua esposa, Donna, têm seis filhos.
Esta obra é uma série de cartas fictícias com conselhos práticos forjados pelos anos de experiência baseados em princípios bíblicos no exercício do ministério pastoral. São recomendações especificamente na área familiar, pregação, ensino, aconselhamento e liderança. Os autores que contribuíram são ministros de renome por sua formação acadêmica e larga experiência pastoral, a maioria é batista e alguns presbiterianos. Todos os articulistas na época que escreveram estavam pastoreando alguma igreja local, e são ministros dedicados à formação acadêmica dos pastores. São homens que equilibram a erudição e o pastoreio provando que não há necessidade de dicotomizar a piedade e uma boa formação acadêmica para serem bons pastores.
     Tom Ascol nos contamina com sua leitura no instante em que lemos seu prefácio, é nele que o mesmo relata sua história de conversão e chamado. Dedica uma parte para falar das inúmeras vezes que criticou pastores, pois ao receber o chamado de Deus percebe o quanto era injusto com os mesmos. Contudo ele marca em poucas linhas o sentido de escrever este livro: Conforme olho para trás e penso nos infortúnios que passei no inicio da minha vida pastoral, imagino que muito deles poderiam ter sido evitados, caso eu tivesse recebido e atentado a bons conselhos[1]. Saindo do prefácio deparamo-nos com seus contribuidores, pastores que o auxiliaram na construção desta obra escrevendo as cartas.
     No capítulo primeiro o autor nos alerta sobre a necessidade de estabelecermos prioridades, entender qual a importância do trabalho pastoral. Neste ponto o escritor nos remete a uma pergunta: ”Em ordem de prioridades, para que Deus chamou você?” Com esta interrogação ele discorre sobre ser um cristão, um esposo:  Minha esposa precisa estar segura de que ela é mais importante para mim do que meus ministérios na Igreja. Quando esta mensagem é clara e regularmente comunicada a ela, então as temporadas inevitáveis de maiores demandas da Igreja são mais facilmente transpostas. Um pai, um pastor: Existe uma solidão inevitável que acompanha o pastorado” e um auxiliador.
     Chegando a segunda parte o alerta é pra o cuidado de si mesmo, com sua vida espiritual (oração, leitura bíblica, devocionais,...), com seu corpo (alimento adequado, exercícios...). Observe as três minas (mulher, R$ e poder), tenha cuidado com as pessoas com que anda, evite as más, porém ame. Seja disciplinado no trabalho obedecendo às seguintes rotinas: trabalhe no escritório, seja pontual, planeje e trabalhe arduamente.
     No terceiro capítulo ele fala sobre amar sua família, nos mostra a importância de investirmos na qualidade de uma vida familiar, pois ao investir na minha família estou investindo na igreja, logo o evangelho de Deus é exaltado, e dá força ao ministério pastoral. Tom através da carta de Tedd Tripp inclina-nos a sermos líderes espirituais, pois esta liderança será imprescindível para família.Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;” (Deuteronômio 6.5-6). Seja também um marido e um pai, deixe claro para sua família a necessidade de ser guiados por Deus em tudo, então ame a Deus, ame sua esposa e seus filhos saberão que os ama. Ainda no amar, caminhamos para o próximo capítulo onde a carta de Ted Christman acentua a necessidade de se amar o rebanho o qual o senhor nosso Deus colocou sobre sua tutela.E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Efésios 3.19)
     Agora na parte cinco da obra Tom relata a necessidade de memorizar as escrituras sagradas, esta atitude de fixação das palavras de nosso Deus permite a permanência de Cristo Jesus em nós.Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15.7-8). Continuando Martin Hold escreve a fim de nos dizer para orarmos sempre, uma rotina contínua e necessária na vida de um pastor, pois a oração é a vida e a alma deste ministério.
     Os capítulos sete e oito, nesta ordem, descrevem sobre ser humilde, ou melhor, cultivar esta dádiva, pois humildade é uma benesse. Sem cultivá-la não entenderemos as dimensões e o caráter de Deus.Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (I Pedro 5.5) Ser humilde não nos dá o direito de não sermos corajosos, o evangelho de Cristo precisa de altivez, volúpia e coragem, pois são características indispensáveis para a função sagrada, atentando que essas atitudes não podem demonstrar arrogância e sim caráter de serviço.”Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”(Josué 1.9).
     Mark Dever pede para que façamos o trabalho de evangelistas, pois em muitos casos o ministério pastoral lhe toma por todos os lados e acabamos esquecendo de que Jesus só voltará depois que todo o evangelho for divulgado na face da Terra. Cabe-nos então sermos esta vara, nosso pensamento precisam estar na necessidade de tirar as pessoas do pecado. Fred Malone no capítulo dez nos estimula a fazer o trabalho pessoal, cuidar do rebanho do Senhor, visitar os irmãos enfermos, os confusos, os solitários, os ignorantes e atentarmo-nos aos maduros e fortes, pois se faz necessário esta interação, um estreitamento de ralação entre pastor e ovelha. Para tal tarefa é preciso que o pastor seja também pessoal.Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mateus 20.28)
No capítulo onze Raymond Perron aponta apara importância de se ter cuidado da doutrina, e neste ponto ele coloca que um pastor é profeta e, portanto, apenas relata fielmente aquilo que recebeu. Existem muitos “profetas” que criam suas mensagens, e sabemos que o verbo criar é uma ação única e exclusiva de Deus. O trabalho do pastor é anunciar as verdades de Cristo Jesus.
Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito. (João 12. 49-50)

     No doze, Tom Ascol nos impulsiona a continuarmos estudando, buscando conhecimento profundo das escrituras, manejando bem as palavras de Deus. Paulo é um grande exemplo na procura continua de conhecimento e proximidade do conhecer de Cristo. Ele diz:Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.” (2 Timóteo 4.13). Agora observemos Charles Spurgeon:
Não existe nada extremamente melhor para a mente do que contemplar a Divindade. É um estudo tão vasto que todos os nossos pensamentos se perdem em sua imensidade; tão profundo que nosso orgulho é afogado em sua infinitude. Outros estudos nós podemos compreender e lidar com eles, os quais ainda nos permitem um sentimento de autocontentamento, que nos levam a seguirmos o nosso caminho com o pensamento: “Veja como eu sou sábio!” Mas quando chegamos a esta ciência mestra, constatamos que nosso fio de prumo não consegue medir sua profundidade, e que nossos olhos de águia não conseguem ver sua altura, nos afastamos com a solene exclamação, “eu sou de ontem e não sei nada…” Mas ao mesmo tempo em que tal estudo humilha a mente, ela também a expande… Nada ampliará mais o intelecto, nada expandirá mais a alma humana, do que a devoção, diligente, que insiste em sua investigação da grande ciência de Deus.

Nos capítulos treze e quatorze, Joel Beeke relata uma necessidade de volta ao passado com a observância nos puritanos, pessoas da bíblia, entendiam que através dela O próprio Deus fala, os sessenta e seis livros são a biblioteca do Espírito Santo. E assim levavam suas vidas descansando e acreditando nas Santas Palavras. Nestas cartas ele nos traz uma necessidade de buscarmos refúgio nas escrituras, meditarmos sobre ela. E nos marca quando fala da necessidade de nos abstermos do orgulho, pois Deus odeia o orgulhoso. Tenhamos uma vida justa e fiel nos caminhos de Cristo. Voltaire grande filósofo disse que:O orgulho dos pequenos consiste em falar sempre de si próprios; o dos grandes em nunca falar de si.” Sejamos grandes para a gloriosa obra de levarmos a palavra para toda criatura. O mesmo termina falando de catequizar ou discipular, mostrando para cada individuo o amor verdadeiro e eterno de Cristo e esta tarefa era feita usando um único instrumento, a Palavra (logos).
Agora no capítulo quinze, Tom Ascol mostra o trabalho principal de um Ministério Pastoral: A pregação da palavra, é nela que o pastor se cura, se alimenta, descansa, medita, clama..., é com ela que o pastor irá guiar e ajudar suas ovelhas. É na pregação da palavra que o homem pecador verá manifestada a glória de Deus, pois a mensagem do divulgador do evangelho precisa estar centrada no objetivo das escrituras sagradas que é o anúncio do poder de Deus através da conversão por Cristo Jesus. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10.17).
Na parte dezesseis Terrey acende-nos uma chama para uma adoração em Espírito e em verdade, Uma adoração espiritual que nos remete a termos um coração refeito e transformado por Cristo, um coração que seja moradia do Deus vivo. Esta adoração, que toda a igreja precisa saber e fazer, pode trazer alguns opositores, estes se apoiam no argumento de que muitas pessoas não foram alcançadas e utilizam-se de muitas outras formas de “adoração”, a fim de buscar uma adoração onde eles querem ser o centro. Sejamos corajosos na busca de um equilíbrio entre adoração e pregação.
No capítulo dezessete Steve Martin ensina-nos uma tarefa gloriosa e especial, ser dicipuladores, instruir homens pelos caminhos de Cristo, consolidá-los na fé verdadeira e transformadora, dar a eles um encontro com o Rei dos Reis. Sendo um discipulador que forme Cristãos sólidos e ajudadores, colaboradores e futuros discipuladores fazendo com que a engrenagem nunca pare. E não esquecendo que um discipulador sempre esta disponível para todos e principalmente para seus discípulos. "E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo." (Lucas 14.27)
Caminhando para o dezoito, Phil Newton assinala uma responsabilidade missionária mesmo com as inúmeras tarefas de um Ministério Pastoral. O cuidado e o interesse pela divulgação do evangelho de Cristo em outras nações precisam estar fixados como uma das prioridades pastorais. E ele é o responsável por embutir este interesse no coração de sua Igreja, fazendo com ela cresça no amor pelas almas perdidas e veja a importância da divulgação das Boas Novas. Pense! Deus tinha um único filho e o fez missionário.
No capítulo dezenove Ray Ortlund, Jr. pede que não negligenciemos o avivamento. Devemos impedir o enclausuramento das palavras de verdade feito por muitas igrejas, parecendo com avestruzes, enterrando seus dons espirituais em uma  corrida desenfreada para  se tornar uma igreja “padrão”. Quem segue a Cristo é um divulgador do avivamento, um correspondente do amor vivo, do amor ressurreto, um amor incondicional e único. “Avivamento não é descer a rua com um grande tambor; é subir ao Calvário em grande choro.” (Billy Graham)
     No último capítulo, Geoff Thomas explica a importância de se encontrar um lugar para fixar-se, um lugar para exercer na totalidade seu ministério, esquadrinhando aspectos positivos de um pastor que tem somente um ministério, e negativos, caso se torne um ministério autoritário. Cristo nos fixa onde seu rebanho precisa, o que nos cabe, enquanto servos dEle, é fazer o melhor para igreja e para comunidade onde a noiva de Cristo esta fixada. Ser chamado para este serviço é uma dádiva maravilhosa, não existe trabalho melhor do que ser instrumento nas mãos de Cristo, e a comunidade precisa ver este instrumento funcionando.
     Concluímos que Tom Ascol foi muito feliz, e temos a certeza pós-leitura que a inspiração veio de Deus. Esta obra precisa estar ao alcance de todo pastor, pois nos leva a inúmeras reflexões e tomadas de posição. Se você é pastor precisa imediatamente ler as vinte cartas para o amado Timóteo. Logo após a leitura percebi meus erros nos julgamentos e o quanto preciso buscar o centro da vontade de Deus, e o mais interessante é a quantidade de livros que podemos absorver depois de ler cada carta. Queria terminar dizendo uma frase que foi sendo construída dentro de mim enquanto lia o livro e no último capítulo ela ficou desta maneira: ”Na vida, a maioria das vezes, a direção é muito mais importante que a velocidade.” Sejamos pastores dirigidos por Deus e não fundistas sem objetivo.



[1] ASCOL,Tom “Amado Timóteo”

Estou de Volta Novamente

Queridos desculpe, por tanto tempo sem postagens estou com muitos trabalho acadêmicos,  e com isso as postagens ficaram prejudicadas. Prometo que sempre haverá a partir de hoje mais e melhores postagens.

A PLENITUDE DOS TEMPOS

  Gálatas 4:4 – mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.   Neste texto o apóstolo...