CARTAS DE SABEDORIA
ASCOL, Tom. Amado Timóteo. São José dos Campos - SP: Editora Fiel, 2005.
318 p.
Tom Ascol tem servido
como pastor da Igreja Batista da Graça desde 1986. Ele tem licenciatura em
Sociologia pela Universidade do Texas (1979) e PHD e Mestre pela Southwestern
Baptist Theological Seminary, em Fort. Worth, Texas. Seu principal campo de
trabalho foi a Teologia Batista. Ele lecionou no Seminário Batista de Orleans
em sua extensão Flórida Sudoeste. Ele também atuou como professor adjunto de
teologia pela Reformed Theological Seminary e do Centro Oeste de Estudos Teológicos.
Ascol serve como Diretor Executivo de Fundadores de Ministérios, uma
organização comprometida com a recuperação do Evangelho e a reforma das igrejas
locais. Ele edita o Jornal Fundadores, uma publicação trimestral teológica de
Fundadores de Ministérios, e tem escrito numerosos artigos e contribuiu para
vários livros. Ele regularmente prega e palestra em várias conferências em todos
os Estados Unidos e outros países. Tom e sua esposa, Donna, têm seis filhos.
Esta obra é uma série de
cartas fictícias com conselhos práticos forjados pelos anos de experiência
baseados em princípios bíblicos no exercício do ministério pastoral. São
recomendações especificamente na área familiar, pregação, ensino,
aconselhamento e liderança. Os autores que contribuíram são ministros de renome por sua formação
acadêmica e larga experiência pastoral, a maioria é batista e alguns
presbiterianos. Todos os articulistas na época que escreveram estavam
pastoreando alguma igreja local, e são ministros dedicados à formação acadêmica
dos pastores. São homens que equilibram a erudição e o pastoreio provando que
não há necessidade de dicotomizar a piedade e uma boa formação acadêmica para
serem bons pastores.
Tom
Ascol nos contamina com sua leitura no instante em que lemos seu prefácio, é
nele que o mesmo relata sua história de conversão e chamado. Dedica uma parte
para falar das inúmeras vezes que criticou pastores, pois ao receber o chamado
de Deus percebe o quanto era injusto com os mesmos. Contudo ele marca em poucas
linhas o sentido de escrever este livro: Conforme olho para trás e penso nos
infortúnios que passei no inicio da minha vida pastoral, imagino que muito
deles poderiam ter sido evitados, caso eu tivesse recebido e atentado a bons
conselhos.
Saindo do prefácio deparamo-nos com seus contribuidores, pastores que o
auxiliaram na construção desta obra escrevendo as cartas.
No
capítulo primeiro o autor nos alerta sobre a necessidade de estabelecermos
prioridades, entender qual a importância do trabalho pastoral. Neste ponto o
escritor nos remete a uma pergunta: ”Em ordem de prioridades, para que Deus
chamou você?” Com esta interrogação ele discorre sobre ser um cristão, um
esposo: Minha esposa precisa estar segura de que ela é mais
importante para mim do que meus ministérios na Igreja. Quando esta mensagem é
clara e regularmente comunicada a ela, então as temporadas inevitáveis de
maiores demandas da Igreja são mais facilmente transpostas. Um pai, um pastor: “Existe uma solidão
inevitável que acompanha o pastorado” e um auxiliador.
Chegando
a segunda parte o alerta é pra o cuidado de si mesmo, com sua vida espiritual (oração,
leitura bíblica, devocionais,...), com seu corpo (alimento adequado,
exercícios...). Observe as três minas (mulher, R$ e poder), tenha cuidado com
as pessoas com que anda, evite as más, porém ame. Seja disciplinado no trabalho
obedecendo às seguintes rotinas: trabalhe no escritório, seja pontual, planeje
e trabalhe arduamente.
No
terceiro capítulo ele fala sobre amar sua família, nos mostra a importância de
investirmos na qualidade de uma vida familiar, pois ao investir na minha
família estou investindo na igreja, logo o evangelho de Deus é exaltado, e dá
força ao ministério pastoral. Tom através da carta de Tedd Tripp inclina-nos a
sermos líderes espirituais, pois esta liderança será imprescindível para
família. “Amarás, pois, o SENHOR
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.
E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;” (Deuteronômio
6.5-6). Seja também um marido e um pai, deixe claro para sua família a necessidade
de ser guiados por Deus em tudo, então ame a Deus, ame sua esposa e seus filhos
saberão que os ama. Ainda no amar, caminhamos para o próximo capítulo onde a
carta de Ted Christman acentua a necessidade de se amar o rebanho o qual o
senhor nosso Deus colocou sobre sua tutela. “E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o
entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Efésios
3.19)
Agora
na parte cinco da obra Tom relata a necessidade de memorizar as escrituras
sagradas, esta atitude de fixação das palavras de nosso Deus permite a
permanência de Cristo Jesus em nós. “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em
vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu
Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15.7-8). Continuando
Martin Hold escreve a fim de nos dizer para orarmos sempre, uma rotina contínua
e necessária na vida de um pastor, pois a oração é a vida e a alma deste
ministério.
Os
capítulos sete e oito, nesta ordem, descrevem sobre ser humilde, ou melhor,
cultivar esta dádiva, pois humildade é uma benesse. Sem cultivá-la não
entenderemos as dimensões e o caráter de Deus. “Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e
sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (I Pedro 5.5) Ser humilde não
nos dá o direito de não sermos corajosos, o evangelho de Cristo precisa de
altivez, volúpia e coragem, pois são características indispensáveis para a
função sagrada, atentando que essas atitudes não podem demonstrar arrogância e
sim caráter de serviço.”Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não
temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”(Josué
1.9).
Mark
Dever pede para que façamos o trabalho de evangelistas, pois em muitos casos o
ministério pastoral lhe toma por todos os lados e acabamos esquecendo de que
Jesus só voltará depois que todo o evangelho for divulgado na face da Terra. Cabe-nos
então sermos esta vara, nosso pensamento precisam estar na necessidade de tirar
as pessoas do pecado. Fred Malone no capítulo dez nos estimula a fazer o
trabalho pessoal, cuidar do rebanho do Senhor, visitar os irmãos enfermos, os
confusos, os solitários, os ignorantes e atentarmo-nos aos maduros e fortes,
pois se faz necessário esta interação, um estreitamento de ralação entre pastor
e ovelha. Para tal tarefa é preciso que o pastor seja também pessoal. “Bem como o Filho do homem não veio para
ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mateus
20.28)
No capítulo onze Raymond
Perron aponta apara importância de se ter cuidado da doutrina, e neste ponto
ele coloca que um pastor é profeta e, portanto, apenas relata fielmente aquilo
que recebeu. Existem muitos “profetas” que criam suas mensagens, e sabemos que
o verbo criar é uma ação única e exclusiva de Deus. O trabalho do pastor é
anunciar as verdades de Cristo Jesus.
Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai,
que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei
de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo,
falo-o como o Pai mo tem dito. (João 12. 49-50)
No
doze, Tom Ascol nos impulsiona a continuarmos estudando, buscando conhecimento
profundo das escrituras, manejando bem as palavras de Deus. Paulo é um grande
exemplo na procura continua de conhecimento e proximidade do conhecer de Cristo.
Ele diz: “Quando vieres, traze a
capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os
pergaminhos.” (2 Timóteo 4.13). Agora observemos Charles Spurgeon:
Não existe nada extremamente melhor para a mente do
que contemplar a Divindade. É um estudo tão vasto que todos os nossos
pensamentos se perdem em sua imensidade; tão profundo que nosso orgulho é
afogado em sua infinitude. Outros estudos nós podemos compreender e lidar com
eles, os quais ainda nos permitem um sentimento de autocontentamento, que nos
levam a seguirmos o nosso caminho com o pensamento: “Veja como eu sou sábio!”
Mas quando chegamos a esta ciência mestra, constatamos que nosso fio de prumo
não consegue medir sua profundidade, e que nossos olhos de águia não conseguem
ver sua altura, nos afastamos com a solene exclamação, “eu sou de ontem e não
sei nada…” Mas ao mesmo tempo em que tal estudo humilha a mente, ela também a
expande… Nada ampliará mais o intelecto, nada expandirá mais a alma humana, do
que a devoção, diligente, que insiste em sua investigação da grande ciência de
Deus.
Nos capítulos treze e
quatorze, Joel Beeke relata uma necessidade de volta ao passado com a
observância nos puritanos, pessoas da bíblia, entendiam que através dela O
próprio Deus fala, os sessenta e seis livros são a biblioteca do Espírito
Santo. E assim levavam suas vidas descansando e acreditando nas Santas
Palavras. Nestas cartas ele nos traz uma necessidade de buscarmos refúgio nas
escrituras, meditarmos sobre ela. E nos marca quando fala da necessidade de nos
abstermos do orgulho, pois Deus odeia o orgulhoso. Tenhamos uma vida justa e
fiel nos caminhos de Cristo. Voltaire grande filósofo disse que: “O orgulho dos pequenos consiste em falar sempre de si próprios; o dos
grandes em nunca falar de si.” Sejamos grandes para a gloriosa obra de levarmos a palavra
para toda criatura. O mesmo termina falando de catequizar ou discipular,
mostrando para cada individuo o amor verdadeiro e eterno de Cristo e esta
tarefa era feita usando um único instrumento, a Palavra (logos).
Agora no capítulo quinze,
Tom Ascol mostra o trabalho principal de um Ministério Pastoral: A pregação da
palavra, é nela que o pastor se cura, se alimenta, descansa, medita, clama..., é
com ela que o pastor irá guiar e ajudar suas ovelhas. É na pregação da palavra
que o homem pecador verá manifestada a glória de Deus, pois a mensagem do
divulgador do evangelho precisa estar centrada no objetivo das escrituras
sagradas que é o anúncio do poder de Deus através da conversão por Cristo
Jesus. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”
(Romanos 10.17).
Na parte dezesseis
Terrey acende-nos uma chama para uma adoração em Espírito e em verdade, Uma
adoração espiritual que nos remete a termos um coração refeito e transformado
por Cristo, um coração que seja moradia do Deus vivo. Esta adoração, que toda a
igreja precisa saber e fazer, pode trazer alguns opositores, estes se apoiam no
argumento de que muitas pessoas não foram alcançadas e utilizam-se de muitas outras
formas de “adoração”, a fim de buscar uma adoração onde eles querem ser o
centro. Sejamos corajosos na busca de um equilíbrio entre adoração e pregação.
No capítulo dezessete
Steve Martin ensina-nos uma tarefa gloriosa e especial, ser dicipuladores,
instruir homens pelos caminhos de Cristo, consolidá-los na fé verdadeira e
transformadora, dar a eles um encontro com o Rei dos Reis. Sendo um
discipulador que forme Cristãos sólidos e ajudadores, colaboradores e futuros
discipuladores fazendo com que a engrenagem nunca pare. E não esquecendo que um
discipulador sempre esta disponível para todos e principalmente para seus
discípulos. "E qualquer que não
levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo." (Lucas
14.27)
Caminhando para o
dezoito, Phil Newton assinala uma responsabilidade missionária mesmo com as inúmeras
tarefas de um Ministério Pastoral. O cuidado e o interesse pela divulgação do
evangelho de Cristo em outras nações precisam estar fixados como uma das prioridades
pastorais. E ele é o responsável por embutir este interesse no coração de sua Igreja,
fazendo com ela cresça no amor pelas almas perdidas e veja a importância da
divulgação das Boas Novas. Pense! Deus tinha um único filho e o fez
missionário.
No capítulo dezenove Ray
Ortlund, Jr. pede que não negligenciemos o avivamento. Devemos impedir o
enclausuramento das palavras de verdade feito por muitas igrejas, parecendo com
avestruzes, enterrando seus dons espirituais em uma corrida desenfreada para se tornar uma igreja “padrão”. Quem segue a
Cristo é um divulgador do avivamento, um correspondente do amor vivo, do amor
ressurreto, um amor incondicional e único. “Avivamento
não é descer a rua com um grande tambor; é subir ao Calvário em grande choro.”
(Billy Graham)
No
último capítulo, Geoff Thomas explica a importância de se encontrar um lugar
para fixar-se, um lugar para exercer na totalidade seu ministério,
esquadrinhando aspectos positivos de um pastor que tem somente um ministério, e
negativos, caso se torne um ministério autoritário. Cristo nos fixa onde seu
rebanho precisa, o que nos cabe, enquanto servos dEle, é fazer o melhor para
igreja e para comunidade onde a noiva de Cristo esta fixada. Ser chamado para
este serviço é uma dádiva maravilhosa, não existe trabalho melhor do que ser
instrumento nas mãos de Cristo, e a comunidade precisa ver este instrumento
funcionando.
Concluímos
que Tom Ascol foi muito feliz, e temos a certeza pós-leitura que a inspiração
veio de Deus. Esta obra precisa estar ao alcance de todo pastor, pois nos leva
a inúmeras reflexões e tomadas de posição. Se você é pastor precisa
imediatamente ler as vinte cartas para o amado Timóteo. Logo após a leitura
percebi meus erros nos julgamentos e o quanto preciso buscar o centro da
vontade de Deus, e o mais interessante é a quantidade de livros que podemos
absorver depois de ler cada carta. Queria terminar dizendo uma frase que foi
sendo construída dentro de mim enquanto lia o livro e no último capítulo ela
ficou desta maneira: ”Na vida, a maioria das vezes, a direção é muito mais
importante que a velocidade.” Sejamos pastores dirigidos por Deus e não
fundistas sem objetivo.