“Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus
sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.”
(Mateus 9.9).
"Καὶ παράγων ὁ Ἰησοῦς ἐκεῖθεν
εἶδεν ἄνθρωπον καθήμενον ἐπὶ τὸ τελώνιον, Μαθθαῖον λεγόμενον, καὶ λέγει αὐτῷ· ἀκολούθει μοι. καὶ ἀναστὰς ἠκολούθησεν αὐτῷ."
(Mateus 9.9)
1.
a0+kolouqei – o alfa como partícula de
união mais “kolouthei” que significa caminho. O convite de Jesus é com a
finalidade de se juntar com ele em uma caminhada que mudaria sua vida.
Falar
sobre Mateus é em muitos casos olhar para dentro de nós, e perceber o quanto
somos pecadores e presos a desejos materiais e sombrios. É bem provável que
nenhum dos Doze discípulos de Jesus fosse um pecador mais declarado do que
Mateus. Em Marcos 2.14, ele é chamado por seu nome Judeu, “Levi filho de
Alfeu”. Lucas refere-se a ele como “Levi” em Lucas 5.27-29, e como
“Mateus” quando apresenta a lista dos Doze em Lucas 6.15 e Atos
1.13.
Sabemos muito pouco sobre Mateus,
mas o que temos certeza é que ele era um homem humilde e retraído, que se
colocou totalmente em segundo plano ao logo de seu extenso relato da vida e do
ministério de Jesus. Em todo seu evangelho, ele menciona seu nome em apenas
duas ocasiões:
1º Seu chamado
– Mateus 9.9
2º Apresentação
dos Doze – Mateus 10.1-4
Mateus era
coletor de impostos, um publicano. Os publicanos eram homens que compraram do
imperador romano o direito de cobrar impostos e que depois extorquia do povo de
Israel o dinheiro para encher os cofres romanos e seus próprios bolsos. Com
frequência, arrancavam dinheiro das pessoas à força através de seus capangas.
Quase todos eram salafrários desprezíveis, odiosos e sem princípios.
Mateus 9.9 registra o chamado desse
homem. O relato aparece do nada, pegando o leitor totalmente de surpresa: “Partindo Jesus dali, viu um homem chamado
Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.”
(Mateus 9.9). Esse é o único instante em que vemos Mateus em seu próprio
Evangelho.
Nos, versículos seguintes, Mateus
prossegue dizendo: “E sucedeu que,
estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram
lugares com Jesus e seus discípulos." (Mateus 9.10). Contudo, Lucas
revela que, na verdade, tratou-se de um enorme banquete que Mateus ofereceu em
sua própria casa em homenagem a Jesus. Ao que parece, ele convidou muitos de
seus colegas publicanos e vários outros párias da sociedade para conhecerem
Jesus. Ele estava tão empolgado de ter encontrado o Messias que desejava apresentar
Jesus para todos que conhecia. Assim, ele organizou um grande banquete em
homenagem a Jesus e convidou todas essas pessoas.
“Então, lhe ofereceu Levi um grande banquete em sua
casa; e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa. Os fariseus e
seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que
comeis e bebeis com os publicanos e pecadores? Respondeu-lhes Jesus: Os sãos
não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim
pecadores, ao arrependimento.” (Lucas 5.29-32).
Por que Mateus convidou
coletores de impostos e outros indivíduos desprezíveis? É simples!
Pois era o único tipo de gente que ele conhecia. Eram os únicos que se
relacionavam com um homem como Mateus. Ele não conhecia ninguém da elite social
para convidar. Era um coletor de impostos, e os coletores de impostos
encontravam-se na mesma classe social que as meretrizes – “Porque João veio a
vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que
publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos
arrependestes, afinal, para acreditardes nele.” (Mateus 21.32).
Para um homem como Mateus, ser um
coletor de impostos era ainda pior, pois tal ocupação transformava-o em um
traidor de sua nação, num pária social, no mais abjeto dos abjetos.
Provavelmente, também era um excluído religioso, proibido de entrar em qualquer
sinagoga. Assim, olhando para a parábola do fariseu e do publicano notamos essa
separação:
“Dois
homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro,
publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó
Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos
e adúlteros, nem ainda como este publicano;
jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava
nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê
propício a mim, pecador! Digo-vos que
este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se
exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. " (Lucas
18.10-14)
Observe que o publicano ficou
“longe”. Era preciso que o fizesse, pois não lhe era permitido ir além do pátio
dos gentios no templo. Na verdade os coletores de impostos precisavam ficar
afastados de qualquer grupo, pois eram odiados. Havia dos tipos de coletores de
impostos, os gabbai e os mokhes. Os Gabbais eram cobradores do Estado Romano e esses
não usurpavam, pois eram controlados. Porém os Mokhes eram cobradores que
usavam de extorsão e nessa categoria havia dois tipos os mokhes-grandes que eram
cobradores de impostos que pagavam os mokhes-pequenos para ficarem nas cabines
cobrando para eles, pois não queriam ser vistos como publicanos, pois perderiam
seu direito de ir e vir entre a elite de Israel. Mateus era um dos pequenos,
pois ficava nas cabines no meio da rua. Ele era a pessoa que o povo mais odiava.
Um judeu em sã consciência nunca seria um cobrador de imposto. Ele havia não
somente se afastado de seu povo, mas de seu Deus. Pois, para ele era proibido
frequentar a sinagoga e assim, não podia oferecer sacrifício e nem adorar a
Deus.
A pergunta é: Porque Mateus largou tudo daquela forma? A melhor
resposta é que Mateus mesmo com a alma atormentada por causa de sua profissão
que tinha escolhido, bem no fundo de seu ser, conhecia e amava o Antigo Testamento.
Era um homem espiritualmente faminto. Em algum ponto de sua vida Mateus começou
a perceber um vazio sem razão. Deus já o estava buscando e chamando para perto
de si.
Sabemos bem que Mateus conhecia o
Antigo testamento, pois seu evangelho possui 99 citações do mesmo. Ele
acreditava no Verdadeiro Deus e Compreendia as promessas do Messias. Sabia
sobre Jesus, pois trabalhava na rua e tinha contato com muitas pessoas. Assim,
quando o Mestre apareceu e o chamou sua ação foi imediata, sua fé era sólida,
aquela vida de separação acabou, pois Deus conhece nosso coração. Ele ficou tão
feliz que fez um banquete evangelístico.
Conclusão:
Isso é o que praticamente sabemos
sobre Mateus: ele conhecia o Antigo Testamento, cria em Deus, estava buscando o
Messias, deixou tudo de imediato para estar com Jesus e na alegria de sua nova
vida, chamou os excluídos para um belo banquete. Tornou-se um homem de
humildade silenciosa que amava os excluídos e não dava lugar à hipocrisia
religiosa – um homem de grande fé, que se entregou completamente ao senhorio de
Cristo. Mateus é uma lembrança vívida de
que o Senhor com frequência escolhe as pessoas mais desprezíveis deste mundo,
redimindo-as, dando-lhes um novo coração e usando-as de forma admirável.
Mateus tinha consciência de seu
pecado, da sua ganância e que estava traindo seu próprio povo. Ele sabia que
era culpado de corrupção, extorsão, opressão e abuso. No entanto, Jesus lhe
disse: Segue-me. Mateus sabia que nesse chamado havia uma promessa inerente de
perdão. E foi por isso que ele levantou sem hesitar e dedicou o resto de sua
vida a seguir a Cristo. Eu já cansei de pecar! E você? Vamos então juntos
seguir a Jesus, assim como Mateus? Então se levante e sigamos o Mestre!
Não há nenhum relato confiável de
como foi a morte de Mateus, mas as tradições mais antigas indicam que ele foi
queimado em uma fogueira. Assim, esse homem que abandonou uma carreira
lucrativa sem pensar duas vezes continuou disposto a dar tudo de si por Cristo
até o fim.