quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A DIFICULDADE DE RECONHECER O PECADO SOCIAL.



Podemos nos sensibilizar bastante com o descontentamento de Deus por causa dos pecados individuais, mas estar bem menos atentos à condição pecaminosa de um grupo do qual fazemos parte. Assim, algumas pessoas que jamais pensariam em matar outro ser humano, em tomar a propriedade de outra pessoa ou em fazer negócios fraudulentos podem ser parte de uma empresa, de uma nação ou de uma classe social que de fato pratica esses atos. Tais pessoas contribuem para a prática desses males por meio de envolvimento financeiro (pagando taxas ou impostos), aprovação direta (pelo voto) ou por consentimento tácito (deixando de discordar ou de manifestar oposição).
Há diversas razões que explicam esse fenômeno estranho:
1º.   Temos a tendência de não considerar nossa responsabilidade aqueles atos em que não fizemos uma escolha realmente ativa. A decisão ou a liderança do ato pode ser de outra pessoa; nós simplesmente condescendemos com o que é feito. Temos bem menos consciência de nossa culpa pelo que ocorre, já que tais atos seriam praticados ainda que não participássemos do grupo.
2º.   Podemos estar tão condicionados pela filiação a um grupo que nossa percepção da realidade fica igualmente determinada por ele. Se, por exemplo, somos brancos, talvez nunca nos coloquemos na situação dos negros. Esse condicionamento é tão sutil e amplo que é possível ignorarmos que há outro lado na questão ou até acreditarmos que não há questão alguma.
3º.   Podemos não reconhecer o egoísmo de um grupo pelo fato de ele estar ligado a nosso egoísmo como indivíduos. Embora haja uma tendência de considerar o pecado basicamente como egoísmo, é possível realmente pecar de forma mais altruísta. Podemos não lucrar pessoalmente (pelo menos não de modo óbvio e direto) com determinada ação de um grupo ao qual pertencemos. Isso talvez nos impeça de ver que o grupo esteja agindo de modo egoísta. Portanto, nosso sacrifício ou altruísmo em favor do grupo talvez pareça uma virtude, mas, na verdade, podemos estar lucrando com isso de forma indireta.
4º.   Nossos excessos podem ser bem menos óbvios a nós, porque participamos de um grupo. Observe-se, por exemplo, o comportamento de uma torcida local em um evento esportivo altamente disputado. Há uma coragem, uma impetuosidade e um orgulho em relação ao time que provavelmente bem poucos indivíduos pensariam em afirmar sobre si mesmos. Pessoas que não manifestariam atitudes de superioridade como indivíduos podem achar que seu país ou sua igreja são superiores aos outros.
5º.   Quanto mais afastados estivermos do mal, menos real ele nos parecerá. Por isso, é menos provável que nos vejamos como responsáveis. Muitos achariam difícil encarar um soldado inimigo, apontar uma arma para ele e puxar o gatilho, pois estariam vendo a pessoa em quem estão atirando e as consequências de um ato assim., no entanto, não seria tão difícil participar de um bombardeiro ou de um ataque de artilharia pesada, situação em que nem as vítimas nem as consequências dessas ações são vistas.
Se nossa responsabilidade fosse fazer a contabilidade da empresa que fabrica munição, por exemplo, provavelmente nos sentiríamos ainda menos culpados e responsáveis. Se estivéssemos envolvidos em uma empresa que faz propaganda enganoso de seus produtos ou costuma fraudar a lei, certamente nos sentiríamos mal por isso.
Se, porém, fossemos acionistas de uma empresa que faz a mesma coisa, é provável que tivéssemos bem menos dificuldade para pôr a cabeça no travesseiro e dormir. Em muitos casos, não sabemos o que realmente faz um grupo do qual somos cidadãos, acionistas ou membros.
Bem, como resolver esse impasse? Paulo afirma que o mundo e o Cristão veem as coisas de perspectiva totalmente distinta. As coisas de Deus são absurdas para o mundo (1 Coríntios 1.21-27); elas são desprezadas pelo mundo (V.28). Deus, porém, tornou tola a sabedoria do mundo (1 Coríntios 1.20; 3.19). Isso se deve ao fato de que “espíritos” diferentes estão envolvidos: “Não temos recebidos o espírito do mundo, mas, sim, o Espírito que vem de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus”. (1 Coríntios 2.12).
As coisas e os dons do Espírito de Deus não são aceitos (de/xomai dechomai) pelo homem natural, pois são compreendidas espiritualmente (v.14). Eles são estranhos para ele e, portanto, não pode (ou não querem) aceita-los. Podemos ter conhecimento real de Deus. Jesus disse: "Quem vê a mim, vê o Pai"(Jo14.9). Se quisermos entender o amor, a santidade e o poder de Deus, basta olharmos para Cristo.

A PLENITUDE DOS TEMPOS

  Gálatas 4:4 – mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.   Neste texto o apóstolo...