LUCAS
23.39-43
Fernando pessoa
recitou: “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar
senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te
é que te amo?”
Amar hoje ficou tão banal, superficial e
muitos dizem que ficou antiquado. Amar é sentir-se parte de algo intenso e
sincero. Muitos não querem experimentar este incrível sentimento que dilata as
artérias e traz sorriso aos lábios. Penso que amar também traz um pouco de
trabalho. Bem! Amar é mais trabalho do que qualquer outra coisa, é aniquilar-se
para que o recebedor de seu amor revigore-se, anime-se e alegre-se com sua
expressão real de amor.
E neste tempo amar é quase impossível, pois
pedir para que alguém se diminua para que o outro cresça é impensável e
inaplicável. Amamos aquilo que possuímos, mas temos dificuldades de amar o
próximo.
Outrora um jovem disse-me: como irei
amá-lo, eu não sei se ele irá retribuir meu afeto. Aí está explicada a teologia
da prosperidade! Eu só amo se tiver a certeza do retorno garantido, o mundo
pensa assim! Na verdade a sociedade acha que amar é fazer sexo, é ir ao cinema,
é comprar um ursinho de pelúcia no dia dos namorados e nem levar para jantar em
um restaurante super caro. Amor real e sincero é quando juntos comemos um quilo
de sal e juntos rimos.
Em nossas igrejas não é diferente, nos
vestimos com vestes de santidade
absoluta e só amamos dentro do templo, ou pior, só amamos os crentes,
descumprimos o mandamento de Jesus - "e que amá-lo de todo o coração, e de
todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo
como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios."
(Marcos 12.33).
O nosso amor, muitas vezes é um amor de
mãos limpas, isto é, amamos os bonitinhos, os limpinhos, os de boa família, os
de carro, os que moram bem etc.. Amar mendigo, levar conforto aos da rua, levar
paz aos de HIV+, amar os idosos, amar os rejeitados. Este tipo de amor é
intenso e real, pois é necessário que você suje as mãos e assim se aniquile,
mas assim não queremos.
Então tentei procurar respostas na bíblia
para entender este amor que nos constrange, um amor tão intenso que entregou
seu próprio filho a cruz para que todos tivessem a chance de voltar ao seu verdadeiro
Pai Celestial.
"E
um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o
Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós." (Lucas 23.39)
As
passagens de Mateus 27.44("E o
mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.")
e de Marcos 15.32("O Cristo, o
Rei d’Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Também os
que com ele foram crucificados o injuriavam.") relatam que os dois
criminosos estavam zombando de Cristo juntamente com a multidão. Com o passar
das horas, porém, a consciência de um dos malfeitores foi atingida e ele se
arrependeu.
Aqui
o ladrão representa bem um amor interesseiro, pois os dois ouviram de Jesus e
perceberam uma oportunidade de escapar do castigo imposto pelos romanos. Também
não imitamos o ladrão quando fingimos que amamos com a intenção de receber
algum benefício. Pergunto-me, às vezes: ”Será que não tinha ninguém que pudesse
demonstrar amor e compaixão por estes ladrões com a finalidade de tirá-los do crime?”
Contudo, as coisas mudam, mas as pessoas não mudam com a mesma velocidade, o
preconceito corre por toda a história da humanidade e classificamos o ser
humano pelo sua cor, beleza, roupas, educação, etc.. Um amor disfarçado de
descaso e segregação.
"Respondendo,
porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na
mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os
nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez." (Lucas 23.40-41).
Um homem,
uma mulher arrependidos espalham o doce cheiro do amor verdadeiro. O ladrão
sentiu-se pecador, sentiu pesado seu fardo e o mesmo afirma algo extraordinário
sobre a inocência de Jesus. Homens repletos de iniquidades viram a inocência de
Cristo, enquanto os líderes religiosos amantes de si mesmos não viram!
O ladrão deixa evidente seu desespero e
arrependimento. Vem à minha mente a cena do ladrão pregado na cruz e em seus
pensamentos corre um filme das coisas que fez e deixou de fazer, pessoas que
desapontou, uma mãe e um pai sofrendo, quem sabe um amor que não mais verá.
Irmãos e amigos, amar é hoje! Não perca o tempo
de dizer verdadeiramente a todos o quanto você os ama, não perca a oportunidade
de reconhecer suas falhas e arrepender-se de seus erros antes que o fim chegue.
Tome a mesma atitude daquele ladrão: "E disse a Jesus: Senhor,
lembra-te de mim, quando entrares no teu reino." (Lucas 23.42) O ladrão
sou eu! O ladrão é você! Clamando pelo amor de Cristo a todo instante de nossas
vidas.
E o amor de Deus nos constrange por este
simples motivo: "E
disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso."
(Lucas 23.43).
Deus, Jesus
simplesmente amam! Cristo disse para um ladrão que os dois estariam juntos no
paraíso. Jesus amou um ladrão, e eu não amo meu vizinho. Sem esta graça nada
seria possível é um amor de “tal maneira”, isto é, sem explicação.
Conclusão:
Lembremos
que Deus nos amou primeiro, Ele nos conhece quando ainda éramos sem forma. Ele
nos amou tanto que nos deu Jesus que nos ensinou que amar não está preso a
palavras, mas sim a ações, feitos que mudem a vida do outro. Quando me entrego aos
braços de Jesus minhas transgressões são aniquiladas eu viro filho de Deus,
logo o amor de Jesus é derramado sobre minha vida, e amar é uma constante em minha
vida, a representação total da mudança de uma criatura monstruosa em uma revestida
do sangue do cordeiro, o mesmo que é alvo mais que a neve.
Uma
vez que Deus pagou o infinito preço de Seu Filho por você, não é certo que Ele
cuidará em prover tudo o que você precisa?”
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