CINCO MANOBRAS
ERRADAS NA JORNADA DA VIDA
I SAMUEL 9.1-2
Durante toda nossa vida, tomarem decisões
que em nossa concepção são certas, porém trarão problemas imediatos, para não
dizer instantâneos. Em uma tomada de decisão ou direção, faz-se necessário uma
ampla e profunda análise de todas as situações apresentadas, a fim de que a
mesma seja efetuada de forma segura e eficaz. Gosto de pensar nas palavras de Friedrich
Nietzsche[1] – “Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores
contra-argumentos: sinal do caráter forte. Também uma ocasional vontade de se
ser estúpido.”.
Partindo desta ideia encontramos Saul, o
primeiro Rei pós o fim da Teocracia, clamado pelo o povo de Israel:
Ø Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram:
Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a
Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a
ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles. (I Samuel
8.6-7)
E
é nisso que gostaria de experimentar com os irmãos, nesta noite, a vida de Saul.
A mesma ensina-nos que podemos desperdiçar as oportunidades da vida. Ela nos
ensina o que não devemos fazer. Ela nos aponta para o perigo de receber em si
mesmo a merecida punição do seu erro. E olhando para Saul percebemos que Ele
tinha tudo para dar certo, todas as coisas ao seu entorno estavam preparadas
para seu sucesso:
1º SUA APRESENTAÇÃO FÍSICA: “Tinha ele um filho cujo nome era
Saul, moço e tão belo, que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo
do que ele; desde os ombros para cima, sobressaía a todo o povo." (I
Samuel 9.2).
1.1. Era moço,
isto é, tinha saúde, vigor, força e disposição.
1.2. Era o mais
belo de Israel, como um astro de Hollywood. Era um jovem bem aceito, cobiçado,
bom partido, que tinha excelentes predicados físicos e também fortes qualidades
morais.
2º SUA
SITUAÇÃO FINANCEIRA: “Havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho
de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, benjamita, homem
de bens." (1 Samuel 9.1)
2.1. Seu pai era
homem de bens – Saul tinha estabilidade financeira. Era um jovem com futuro
promissor. Era bonito e rico.
Segundo o
filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé[2], a sociedade hodierna
possui duas características básicas, ou melhor, duas colunas nas quais o
pós-modernismo se apoia: o rico e o belo, sendo que se o indivíduo for rico
portas são abertas com bastante facilidade. Sendo belo, mas não rico,
encontrará facilidade, porém não como uma pessoa abastada, contudo portas
certamente se romperão.
Agora, se o cidadão possuiu as duas
características, não há porta que esteja fechada para o mesmo. Pensando nestas
categorias se Saul vivesse neste tempo seria um grande homem nesta sociedade.
Todavia, Saul fez uma série de manobras erradas na estrada da vida. Quando
chegava numa encruzilhada, sempre tomava a direção errada. Vejamos quais foram
essas manobras erradas:
I. A IMPACIÊNCIA É UMA MANOBRA ERRADA
@ História
de impaciência na fila do banco!
Ø (I Samuel 10.8) – Na
batalha contra os filisteus, Samuel se ausenta e deixa ordem para Saul
esperá-lo sete dias para fazer o sacrifício.
Ø (I Samuel 13.5) – Os
filisteus eram 30 mil carros; 6 mil cavaleiros. Povo em multidão.
Ø Passou o
primeiro dia. Todos estavam ficando nervosos. Os capitães das tropas vinham
dizer a toda hora que o moral dos soldados estava baixando. Será que Saul não
podia tomar nenhuma providência?
Ø (I Samuel 13.6) – Os
homens de Israel ficaram em apuros e se esconderam nas cavernas.
ü Segundo,
terceiro, quarto, quinto dia o inimigo achava-se ali perto. A tensão tomava
conta do arraial.
ü Sexto dia –
Alguns dos homens começaram a abandonar Saul, voltando para casa. Saul estava
nervoso. “Onde está Samuel, por que ele não vem?” Saul ficou impaciente e
resolveu fazer alguma coisa.
Ø (I Samuel 13.9) – Sétimo
dia – ao raiar do dia, outros soldados vão embora. Saul, então, não aguentou
esperar mais e disse: “Trazei-me aqui o holocausto e ofertas pacíficas. E
ofereceu o holocausto”.
Ø Quando
estava terminando, chegou Samuel e Saul tenta dar suas desculpas (I Samuel 13.11-12):
O povo ia se espalhando; você não vinha; o inimigo já se armara; precisava urgentemente
de uma bênção a qualquer custo; fui forçado pelas circunstâncias.
MAS SAMUEL REPREENDE SAUL E CHAMA-O DE TOLO
(13.13,14).
A
IMPACIÊNCIA – é uma confissão de que não acreditamos que Deus
se acha no controle total de tudo. Impaciência é incredulidade. Às vezes somos
tentados a agir por nós mesmos, mesmo que o sinal de Deus esteja vermelho para
nós.
II. MANOBRAR RESPEITANDO PARCIALMENTE
UMA ORDEM DIRETA É SINAL DE AUTOSSUCIFIÊNCIA.
@ Luciano
buraco na perna. Teimosia.
Ø Saul não
seguiu a Deus nem lhe executou a Palavra (I Samuel 15.11) Saul poupou a Agague
e o melhor dos rebanhos. Obedeceu parcialmente.
ü Deus pediu que ele destruísse todos os amalequitas,
a palavra hebraica aqui transmite a ideia de extermínio, aniquilação, acabar
com tudo. Logo, a ordem de Deus estava clara. “Vai, pois, agora, e
fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes;
porém matará homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas,
camelos e jumentos.” (I Samuel 15.3).
Ø SAUL MENTIU, DIZENDO QUE TINHA EXECUTADO A ORDEM DE
DEUS
(I Samuel 15.13) – Saul tenta racionalizar. Em vez de se curvar, ele busca
meios de justificar o seu erro.
Ø
SAUL DEU
DESCULPAS INFUNDADAS (I Samuel 15.14-15) – desobedeceu a ordem de Deus
para fazer sacrifícios a Deus. DEUS NÃO ACEITA CULTO
ASSOCIADO À DESOBEDIÊNCIA.
A AUTOSSUFICIÊNCIA é uma
característica ególatra, isto é, eu sou o senhor de minha vida, sou rei, faço o
que bem quiser. Percebo esta característica claramente quando o mesmo levanta
para si um monumento. (I Samuel 15.12).
Percebemos que muitos querem seguir a Deus
deste modo, parcialmente, querem um deus serviçal que na verdade fica exposto
na instante e quando é preciso eu aciona. É como a capa de um super-herói, só e
ativada quando alguma coisa está em perigo. Nossa suficiência precisa estar em
Deus, na salvação que Ele nos proporcionou em Cristo Jesus - “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados.” (Colossenses 1.13-14).
Segundo alguns psicólogos a
autossuficiência exagerada pode fazer eclodir no individuo um Transtorno de
personalidade paranóide, levando-o em alguns casos a internação do mesmo, com fim
de ingestão de medicamentosa pesada. Penso em Pedro, ao responder o Mestre para
onde iria, pois só Jesus possui Palavras de Vida Eterna.
III. CIÚME, MAIS UMA MANOBRA ERRADA
Ø Uma música
de sucesso em Israel infernizou a vida de Saul (I Samuel 18.7). As meninas
cantavam nas ruas. Os soldados assobiavam em suas fileiras. As mulheres
entoavam em suas casas. Isso indignou Saul (I Samuel 18.8-9).
RESULTADOS
DESTE CIÚME:
ÓDIO: “Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras
lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a mim
somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino? Daquele dia em diante, Saul não via a Davi
com bons olhos. " (1 Samuel 18.8-9)– O ódio é um fogo
destruidor.
Ele é uma porta aberta a ação do diabo - “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a
vossa ira, nem deis lugar ao diabo." (Efésios 4.26-27).
UM ESPÍRITO MALIGNO SE APOSSOU DELE:
ü
“No dia seguinte, um espírito
maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em
casa; e Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na
mão uma lança," (I Samuel 18.10).
ü
“Tornou a haver guerra, e, quando
Davi pelejou contra os filisteus e os feriu com grande derrota, e fugiram
diante dele, o espírito maligno, da parte do Senhor, tornou sobre Saul; estava
este assentado em sua casa e tinha na mão a sua lança, enquanto Davi dedilhava
o seu instrumento músico." (1 Samuel 19.8-9).
A vida de
Saul passou a ser controlada por um espírito maligno. Seu coração tornou-se um
poço de ódio.
Saul arquiteta planos para tirar o seu desafeto do
seu caminho – Em vez de se arrepender, endurece. Saul quer destruir Davi, não
por causa dos erros de Davi, mas por causa de suas virtudes. Ele quer matar
Davi não porque Davi é mau, mas porque Davi é bom. Ele prefere matar Davi a
imitá-lo.
IV. UMA MANOBRA ERRADA É ACONSELHAR-SE COM
PESSOAS ERRADAS.
Ø Não buscou
a Deus através do profeta Samuel em vida, agora quer buscar Samuel através da
feitiçaria - “Então, lhe disse a mulher: Quem te
farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel." (1 Samuel 28.1)
Ø
SAUL
TORNA-SE UM HOMEM INCOERENTE – Ele busca o que ele mesmo
combateu, pois havia desterrado os necromantes. “Respondeu-lhe a
mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da terra os médiuns e
adivinhos; por que, pois, me armas cilada à minha vida, para me matares?"
(1 Samuel 28.9).
V. SUICÍDIO, A ÚLTIMA MANOBRA ERRADA
“Agravou-se a peleja contra Saul; os flecheiros o avistaram, e ele muito
os temeu. Então, disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada e
atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e
me traspassem, e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não o quis, porque
temia muito; então, Saul tomou da espada e se lançou sobre ela. Vendo, pois, o
seu escudeiro que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada e
morreu com ele." (1 Samuel 31.3-5).
Ø SAUL CAIU NOS PRÓPRIOS LAÇOS DO SEU PECADO. Provérbios
29:1 – “o homem que muitas vezes é repreendido e endurece a sua serviz será
quebrado repentinamente, sem que haja cura”.
Ø A Bíblia
diz que Deus matou Saul porque ele consultou uma necromante.
Ø Mas Saul
tirou a sua própria vida, visto que atirou-se sobre sua própria espada.
Ø Seu fim foi
trágico, porque jamais se dispôs a arrepender-se. Em vez de voltar-se para
Deus, sempre fez manobras para afastar-se cada vez mais de Deus.
CONCLUSÃO:
O que
distinguiu Saul de seu sucessor Davi, não foi o pecado. Ambos pecaram contra
Deus. A diferença é que Davi quando foi confrontado, arrependeu-se; Saul
tornou-se mais endurecido. Saul pensava na sua própria glória; Davi buscava a
glória de Deus.
[1] Foi um filólogo (do grego antigo Φιλολογία,
"amor ao estudo, à instrução"), filósofo, crítico cultural, poeta e
compositor alemão do século XIX. Ele escreveu vários textos críticos sobre a
religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma
predileção por metáfora, ironia e aforismo.
[2] Guia Politicamente Incorreto da Filosofia é um livro de Luiz Felipe Pondé, lançado
pela Editora Leya em 2012, e que trata de críticas às afirmações hipócritas da
sociedade atual.
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