II
CORINTIOS 11. 30-33
Certa noite, dessas em que perdemos
o sono, fiquei imaginando como seria ter uma conversa com Paulo de Tarso. Como
esse diálogo se formaria, quais perguntas eu faria, por onde começaria e como
seria minha reação às suas respostas.
O fato é que a conversa foi longa,
achei que iria durar uma noite, mas na verdade perdurou por meses e digo que
até hoje temos essas conversas. E o que é mais interessante é que agora ele tem
me chamado para o papo. E nessas conversas ele primeiro se apresentou, isto é,
deixou evidente quem ele era: Circuncidado
ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
segundo a lei, fui fariseu; Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a
justiça que há na lei, irrepreensível. (Filipenses 3.5-6).
Ouvindo isso exclamei: bem Paulo, o
que você quer dizer com isso? Pois bem sei que tu falas hebraico, aramaico,
grego Koinê, grego clássico e eu bem conheço sua educação, pois foste realizada
aos pés de Gamaliel. Eu sou judeu, nasci
em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de
Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para
com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje. (Atos 22.3). Também
me é sabido de seu preparo militar.
Luciano! Dizia Paulo, sobre minha
circuncisão, o que quero te mostrar é que respeitei e cumpri os mandamentos e
costumes judaicos, quanto a isso ninguém pode me questionar. Sou israelita da
descendência de Jacó, benjamita, isto é, sou guerreiro habilidoso leia Juízes 20.16(Entre todo este povo havia
setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra
em um cabelo, e não erravam.). Sou hebreu de hebreu, conheço tudo, segundo a
lei fui farizeu, entendeu? Fui instruído nas leis desde bem pequeno.
Não nego, fui um agente contrário à
Igreja de Cristo, persegui mesmo, matei, prendi, não me oponho a isso e em tudo
isso fui irrepreensível.
Mas, Paulo ao terminar, olhou-me e
penetrou em nosso ambiente um grande silêncio, não sei se por minha parte, por
não acreditar estar ouvindo esse grande homem de Deus, ou, se motivado pela
dialética de Paulo. Para quebrar o
silêncio, fiquei dizendo um monte de tolices teológicas, conceituais e
fabricadas acreditando que assim, Paulo mais uma vez lançasse uma fala e me fizesse
calar.
Contudo, o silêncio ficou mais
assustador, pois um sorriso começou a se abrir em seu rosto e eu sem entender
perguntei: Paulo disse alguma besteira? Claro que não meu filho! Disse-me
Paulo. Meu sorriso é uma forma de te mostrar como ficamos com medo de aprender
mais do Pai, o profeta Jeremias 33.3 escreveu: Clama a mim, e responder-te-ei,
e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes. Assim sendo, pare de
rodeios e me pergunte o queres saber.
Respirei fundo, e fiz inúmeras
perguntas, dúvidas que me cercavam e que em muitos casos me deixavam perdidos.
Habilidosamente o querido Apóstolo as respondia com tanta tranquilidade que
gerava em mim um mix de desespero, vergonha e liberdade. E uma pergunta que
fiz, vou transmitir para os irmãos não do meu jeito, mas na integralidade de
Paulo.
Neste longo papo minha primeira
pergunta foi: Paulo, qual foi o Dia mais especial da sua vida? Normalmente
gostamos de perguntar a outrem aquilo que acreditamos saber a resposta, por
exemplo: amigo, pela sua cara você não está bem! O que houve? Você aceita Jesus
como seu salvador? É claro que sim! São perguntas que intelectuais da língua
portuguesa vão tratar como, pergunta resposta, isto é, não é uma pergunta e nem
uma resposta. Paulo sorriu mais uma vez e me atropelou: Luciano, você não está
perguntando, você quer uma confirmação. Seu desejo é que eu fale que meu Dia
“D”, foi meu encontro com Cristo. Não é? Fiquei sem graça, mas disse é. Bem,
posso te dizer tranquilamente que esse não foi meu dia mais especial, pois eu
tenho certeza que eu não escrevi dizendo que foi. E com isso, não estou
diminuindo esse encontro, é fato que realmente esse acontecimento mudou
totalmente minha vida. Viver com Cristo é algo substancialmente único e pleno.
Segue Paulo: Mais tarde iremos falar
sobre isso, quero-te falar é do meu dia especial, o dia que eu nunca me
esqueço. Sendo assim, vamos ler juntos 2 Coríntios 30.33. Perceba como o texto
começa:
SE
DEVO ME ORGULHAR, QUE SEJA NAS COISAS QUE MOSTRAM A MINHA FRAQUEZA.
2 CORÍNTIOS 11.30
Luciano, o quero que você veja e
aprenda nesta parte é que minha alegria, minha satisfação, o que realmente é
especial para mim, o que me faz o coração transbordar de alegria é quando
minhas fraquezas são expostas e todos podem vê-las, principalmente eu. E isso é
importante, preciso reconhecê-las todos os dias, pois meu Pai que está no seu
conhece o meu coração.
Você, meu filho, precisa aprender, a
não se gloriar nas suas forças, não deve ter alegrias em suas realizações e nem
em seus ganhos, pois isso não lhe produz valor algum. Muitos estão assim,
levantam suas mãos, não é assim que vocês pedem para fazer? Mas isso, outra
hora discutimos! Aceitam Jesus, mas de fato nunca tiveram um encontro com Deus,
nunca experimentaram a plenitude do Espírito Santo, nunca beberam da água que
mata a sede para sempre, nunca comeram o Pão que cai do céu. Vivem dentro de
uma fantasia, assim como eu por anos a vesti. E percebo olhando para você meu
filho, que você tem andado com ela. Entrei em um choro profundo, pois as
escamas tinham caido e via agora claramente minhas vestes cheias de mim mesmo.
Paulo continuou: Vamos continuar ou
você precisa de um tempo? Respondi com a voz embargada: Pode!
O
DEUS E PAI DO SENHOR JESUS, QUE É BENDITO PARA SEMPRE, SABE QUE NÃO ESTOU
MENTINDO.
2
CORÍNTIOS 11.31
Percebeu agora, que meu
relacionamento com O Pai é tão inteiro, que posso falar, pois sei que minhas
palavras são sustentadas por Ele. Eu O deixo fazer da minha vida o que quiser,
sou escravo, não como você está pensando, não fico algemado, não sou chicoteado
e não faço nada por obrigação. Minha escravidão está ligada no amor do meu
encontro com Cristo. Eu mesmo disse que vivo não mais eu, mas agora Cristo vive
em mim. Quero te ensinar que o meu dia especial Deus conhece e sabe! Não é você
que diz, não sou eu que falo, mas O Pai que controla tudo.
Querido irmão, você tem suas
palavras garantidas por Deus, você tem condições de dizer e deixar evidente que
suas palavras são autenticadas por Deus. Perceba que meu encontro com Mestre
mudou-me, isto é, o que falo precisa ser outorgado por Deus, não jogo conversa
fora, pois sei que isso Deus não aprova. Como você Luciano, fala coisas que
Deus não aprova, como você diz coisas que seu coração está cheio. Aprenda mais
isso com o meu Dia especial, não falo de mim mesmo falo com a autorização de
Deus. Quero agora meu filho na fé lhe dar um conselho bem direto: Cale a boca!
Respirei fundo novamente, olhei pra dentro de mim e
confirmei com a cabeça, pois tive vergonha de falar. Mantive-me em silêncio
crendo que a conversa iria acabar, pois Paulo acabara de me chamar de um homem
que se fantasia de Cristão e para completar me pediu para calar a boca! Mas
para o temor de minha alma a voz firme de Paulo ressoou: Amado, vamos
continuar! Já àquela altura não tinha mais como dizer que não!
Luciano, leia os dois em últimos
versículos:
EM DAMASCO, O QUE GOVERNAVA SOB O
REI ARETAS PÔS GUARDAS ÀS PORTAS DA CIDADE DOS DAMASCENOS, PARA ME PRENDEREM. E
FUI DESCIDO NUM CESTO POR UMA JANELA DA MURALHA; E ASSIM ESCAPEI DAS SUAS MÃOS.
2 CORÍNTIOS 11.32-33.
Filho, filho! Paulo animado, está aí!
Esse é meu Dia especial! Agora foi minha vez de rir! Falei: Paulo dá um tempo!
Olha mais uma vez minha boca grande! Seu dia especial foi o dia que você desceu
em um cesto? Paulo me olha e diz: Parece que tudo que te falei até agora entrou
em num ouvido e saiu no outro. Descer pelo cesto me mostrou minha incapacidade,
minha insignificância, minhas falhas. Enquanto descia pelos muros e o cesto
batia e o chão se aproximava foi o momento de minha vida que percebi que não
tinha mais controle de nada, não podia frear, nem acelerar, estava nas mãos do
Pai. Dentro do cesto eu não era ninguém, estava a mercê, minhas credencias não
serviam de mais nada, meus conhecimentos também não nem meu orgulho.
Você Luciano precisa ficar dentro do
cesto e deixar Deus te guiar, não pule do cesto, pois pode acontecer que o chão
esteja longe e você quebre a perna, pode ser que ao descer rápido você não
consiga perceber nada em sua volta e comece acreditar que sua velocidade em
fugir é maior que a ação de Deus em sua vida, não tente frear que você pode
queimar as mãos e nem tão pouco acelerar, pois se tivesse pressa tinha me
arrebentado no chão.
Saiba mais, dentro do cesto eu não
estava só, tinha comigo um agente de Satanás - E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me
dado um espinho na carne, a saber, um
mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Além
de não ter controle do cesto, havia um inimigo colado comigo, imagine o meu
aperto. Respondi: Que terrível! Não amado! A graça de Cristo me basta! Não
quero nada além disso, a certeza de que todas essas coisas fortaleceram minha
relação com o Pai! O que parece ruim eu as tornei boa, pois nelas me fiz forte
no Senhor, mesmo sentindo dor física minha alma estava em júbilo. Sendo eu
injuriado, injustiçado, perseguido, massacrado, encontrava refrigério nos
braços de meu Pai e só assim comecei a entender o Salmo 23.
Luciano, tudo pode parecer ruim, o
que importa é que Deus conhece seu coração, e te digo nunca saia do cesto, viva
sempre dentro dele, mesmo se tiver uma companhia desagradável, eu te garanto
que no cesto é melhor. Entendi Paulo, você quer que eu seja humilde, quer que
eu fale pouco e quer que tire minha fantasia. Não! Quero que você tenha um
relacionamento íntimo com Pai através de Cristo Jesus, quero que você deite
todas as suas coisas na presença dEle, quero que você pare de viver por sua
conta e viva contando com Ele, pois se fizerdes isso tudo que te ensinei hoje
será comum em sua vida.
Curvei minha cabeça, as lágrimas
correram, senti-me primeiro envergonhado e depois arrependido e confessei a ele
que realmente aquilo tudo era para mim e eu era o culpado por ter deixado de
ouvir a Deus. Ele me tocou nos ombros, levantou minha cabeça e disse: Vamos
orar! Balancei a cabeça em sinal de confirmação. Segurou minhas mãos e começou:
Pai bendito! Este é agora teu filho que deseja verdadeiramente conhecer-Te intimamente.
Ele é fraco como também o sou, mas nossa fortaleza vem de Ti. Nossa dor é
aliviada pela a presença de Teu Santo Espírito em nossas vidas. O transforme, Pai,
em um servo fiel, aproxime-o cada dia mais de sua Santa Presença. Ele
compreende a necessidade da mudança, faça-o compreender que só é possível em
Cristo Jesus. E é Neste nome que é sobre qualquer outro nome que oramos amém.
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