"Sabei que o
Senhor é Deus: foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto.
Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios com hinos; louvai-o
e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a
sua verdade estende-se de geração a geração."
(Salmos
100.3-5)
E um truque de satanás tirar nossas mentes
das questões mais importantes e essenciais, distraindo-nos com a sugestão de
considerações triviais. Quando as melhores bênçãos estão solicitando que as
aceitemos, ele trará às nossas mentes as coisas mais insignificantes. Quando
Jesus pregava, o diabo tentava distrair a atenção humana através de debates
sobre dizimar a hortelã, o endro e o cominho, alargar as franjas dos vestidos, usar
filactérios, coar mosquitos, e não sei o que mais. Satanás empregou esse método
junto ao poço de Jacó. Quando o nosso Senhor falou com a mulher
sobre a água viva, e a salvação de sua alma, o maligno a impeliu a perguntar
sobre Gerizim
e Sião:
"Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o
lugar onde se deve orar".
Satanás ainda opera com essa mesma astúcia. Conhecendo as sutilezas do inimigo, é nossa responsabilidade superá-lo,
deixando de lado as questões triviais e concentrando-nos nas verdades
fundamentais, as pedras principais da fé, as realidades da vida eterna, a
vitalidade da santidade; e essas nos levam a Deus e a Cristo, longe da sombra
de cerimônias e das nuvens de vãs especulações, na direção da rocha eterna e
das colinas eternas cujos topos são, aos olhos da fé, resplandecidos com a aurora.
Corramos para lá, afastemo-nos das vaidades terrenas, e que o sopro do Espírito nos apresse em direção às realidades
do céu, para que demos às coisas essenciais a atenção que lhes é devida.
Para o que, então,
fomos criados? Não conheço melhor resposta do que a do Pequeno Catecismo: "O fim
principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-10 para sempre"
(deleitar-se com Ele). Há grande quantidade de teologia e filosofia nessa
simples resposta, que nossos velhos sábios têm colocado na boca de crianças. Se
o homem tivesse permanecido como Deus o fez, teria sido seu grande prazer glorificar a Deus; fazer a
vontade de Deus seria tão natural para nós quanto respirar, se não tivéssemos
caído da perfeição original. As criaturas que permanecem como Deus as fez
obedecem à Sua vontade - inconscientemente, eu diria, mas onde há consciência
um supremo prazer é acrescentado, o qual torna a consciência e a boa vontade em
maiores bênçãos.
Vejam os planetas -
eles não são teimosos; ao contrário, giram alegremente nas suas trajetórias
predestinadas, porque Deus os ordena a manterem-se nos seus cursos
estabelecidos. Olhem as estrelas vigilantes: não fecham seus olhos brilhantes,
porém sorriem sobre nós de era em era; aquelas sentinelas do céu não extinguem suas luzes, mas
continuam brilhando ininterruptamente, porque Deus disse: "Haja luz",
e delas a luz há de vir. Não ouvimos falar de rebelião entre os corpos celestes
ou de revolta contra a lei que os mantém nos seus cursos celestiais.
E onde há
inteligência, contanto que a inteligência permaneça conforme Deus a tem feito,
não há revolta contra a Sua vontade. O poderoso anjo conta como honra voar
igual a um relâmpago à ordem do Eterno. Não rebaixa a sua dignidade, não
diminui o seu prazer, cumprir as ordens do Altíssimo, respondendo à voz de Sua
palavra. Se fôssemos hoje aquilo que deveríamos ser, seria nosso prazer amar,
servir e adorar a nosso Deus, e não necessitaríamos de pastores para mover-nos
à nossa obrigação prazerosa ou para lembrar-nos das reivindicações de Jeová.
Até mesmo a augusta linguagem do nosso texto não seria necessária para nos
exortar a adorar, a nos curvar e a saber que Jeová é Deus. Ele nos tem feito, e
não nós mesmos, portanto devemos exibir essa verdade em toda partícula do nosso
ser. Devido as coisas serem como são, no entanto, precisamos ser chamados de
volta ao dever e impelidos à obediência, e agora, com a ajuda do bom Espírito
de Deus, submeteremos nossos corações a tal chamado.
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